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Teologia Contemporanea - Abraao de Almeida

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A DURA REALIDADE DO PECADO<br />

Pecado é <strong>de</strong>sobediência. Ao colocar o homem no É<strong>de</strong>n, disse-lhe o Senhor Deus: “De toda a árvore do<br />

jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás” (Gn 2.16-17).<br />

O homem, porém, ao optar pela <strong>de</strong>sobediência, sujeitou-se ao pecado e à morte, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então luta com<br />

suor e lágrimas para granjear o pão cotidiano. O pecado tornou a terra maldita, e esta passou a produzir<br />

espinhos e cardos. Des<strong>de</strong> então, todo homem é pecador por natureza, como membro da raça pecadora que<br />

<strong>de</strong>scen<strong>de</strong> do pecador original, Adão. Enquanto a criatura humana não resolver o problema dos seus<br />

pecados perante Deus, ela está separada <strong>de</strong> Deus.<br />

As Escrituras Sagradas <strong>de</strong>claram que Deus criou o homem à sua imagem e semelhança, ou seja,<br />

espiritualmente justo, veraz, piedoso, misericordioso e santo. Porém, com o pecado, a imagem e<br />

semelhança divina no homem foi afetada, tendo este se vendido ao <strong>de</strong>mônio. Assim, quanto ao espírito, o<br />

homem, mediante a queda, se tornou injusto, mentiroso, cruel, ímpio e inimigo <strong>de</strong> Deus. O seu corpo,<br />

antes não sujeito ao sofrimento, tornou-se sensível à dor e sujeito a todo tipo <strong>de</strong> enfermida<strong>de</strong>, assumindo<br />

posição ainda mais inferior do que a dos animais irracionais. O pecador é escravo do mundo através da<br />

moda e da opinião pública, é escravo da carne mediante sua natureza caída, e é escravo do diabo por<br />

sujeitar-se às influências <strong>de</strong>ste.<br />

Mesmo <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> libertos por Cristo e feitos filhos <strong>de</strong> Deus, não nos livramos inteiramente do<br />

insidioso po<strong>de</strong>r da queda. Por essa razão o apóstolo Paulo afirma a respeito <strong>de</strong> si próprio e <strong>de</strong> todos os<br />

crentes: “De maneira que eu, <strong>de</strong> mim mesmo, com a mente sou escravo da lei <strong>de</strong> Deus, mas, segundo a<br />

carne, da lei do pecado” (Rm 7.25).<br />

Cada pecado, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar o nosso fracasso em amar a Deus <strong>de</strong> todo o nosso ser, é a quebra do<br />

que Jesus chamou <strong>de</strong> o primeiro e gran<strong>de</strong> mandamento. É a recusa ativa <strong>de</strong> reconhecer a Deus e<br />

obe<strong>de</strong>cer-lhe como nosso Criador e Senhor, e a rejeição da nossa posição <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência dEle que<br />

implica o fato <strong>de</strong> termos sido por Ele criados. Mas fazemos ainda pior; insistimos em proclamar a nossa<br />

auto-in<strong>de</strong>pendência e a nossa autonomia como que reivindicando a posição que somente Deus po<strong>de</strong><br />

ocupar.<br />

Analisando o texto <strong>de</strong> Romanos 8.7: “Porquanto a inclinação da carne é inimiza<strong>de</strong> contra Deus, pois<br />

não é sujeita à lei <strong>de</strong> Deus, nem, em verda<strong>de</strong>, o po<strong>de</strong> ser”, John Stott afirma que o pecado “não é um<br />

lapso lamentável <strong>de</strong> padrões convencionais; a sua essência é a hostilida<strong>de</strong> para com Deus, manifesta em<br />

rebeldia ativa contra ele”, é “uma qualida<strong>de</strong> implicitamente agressiva — uma cruelda<strong>de</strong>, um ferimento,<br />

um afastamento <strong>de</strong> Deus e do restante da humanida<strong>de</strong>, uma alienação parcial, ou um ato <strong>de</strong> rebelião”. 70<br />

Na Bíblia, portanto, pecado é algo interno, que além <strong>de</strong> ter sua origem na <strong>de</strong>sobediência à vonta<strong>de</strong><br />

divina, é basicamente contra Deus e não contra o homem. Quando a Escritura afirma que “todos pecaram”<br />

e que “o salário do pecado é a morte” (Rm 3.23; 6.23), quer dizer exatamente isto: que esse terrível mal<br />

é como chaga que contamina o ser humano dos pés à cabeça e o coloca sob a maldição eterna <strong>de</strong> Deus. O<br />

aspecto social do pecado não é outra coisa senão a exteriorização do caráter <strong>de</strong>pravado do coração ainda<br />

insubmisso a Cristo.<br />

Emil Brunner resume esse pensamento muito bem, ao dizer: “Pecado é <strong>de</strong>safio, arrogância, <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

ser igual a Deus... Asserção da in<strong>de</strong>pendência humana contra Deus... Constituição da razão autônoma,<br />

moralida<strong>de</strong> e cultura”. 71

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