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Teologia Contemporanea - Abraao de Almeida

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O EXEMPLO DE JESUS<br />

Jesus não fez uma “opção preferencial pelos pobres”, como o Deus <strong>de</strong>les, segundo enten<strong>de</strong>u o encontro<br />

<strong>de</strong> Puebla em 1979, nem ensinou um conceito político <strong>de</strong> salvação ou libertação. Pelo contrário,<br />

manifestou-se como a graça <strong>de</strong> Deus que traz salvação “a todos os homens” (Tt 2.11), pois todos pecaram<br />

e carecem da “lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo” (Tt 3.5).<br />

Jesus nunca <strong>de</strong>sprezou a ninguém e a ninguém rejeitou. Ele proferiu palavras <strong>de</strong> fé, <strong>de</strong> esperança e <strong>de</strong><br />

amor a todos os que cruzaram o seu caminho, entre os quais havia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os mais humil<strong>de</strong>s da socieda<strong>de</strong>,<br />

como os samaritanos e os leprosos, até os mais elevados, como Nico<strong>de</strong>mos, Jairo e o comandante<br />

romano <strong>de</strong> Cafarnaum (Lc 7.1-10; 8.40-56; Jo 3.121). Conhecido teólogo comentou a atitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jesus em<br />

relação às pessoas com estas palavras: “Ele reconheceu o valor dos homens e os amou, e, amando-os,<br />

aumentou-lhes ainda mais o valor”. 128<br />

JESUS NUNCA DESPREZOU A NINGUÉME A NINGUÉM REJEITOU. ELE PROFERIU<br />

PALAVRAS DE F É, DE ESPERANÇA E DE AMOR A TODOS OS QUE CRUZARAM<br />

O SEU CAMINHO, ENTRE OS QUAIS HAVIA DESDE OS MAIS HUMILDES DA<br />

SOCIEDADE, COMO OS SAMARITANOS E OS LEPROSOS, AT É OS MAIS<br />

ELEVADOS, COMO NICODEMOS, JAIRO E O COMANDANTE ROMANO DE<br />

CAFARNAUM.<br />

Não há evidência bíblica alguma <strong>de</strong> que Jesus tivesse tentado reunir os pobres numa insurreição que<br />

<strong>de</strong>rrubasse as “opressivas estruturas do po<strong>de</strong>r” <strong>de</strong> Roma! John Pollock, na sua Vida <strong>de</strong> Jesus, infere das<br />

Escrituras que gran<strong>de</strong> multidão <strong>de</strong> pobres procurara a Jesus na esperança <strong>de</strong> que Ele os li<strong>de</strong>rasse numa<br />

cruzada contra o <strong>de</strong>vasso, cruel e opressor Hero<strong>de</strong>s Antipas. Essa tentativa <strong>de</strong> comprometer Jesus numa<br />

revolta armada teria ocorrido após a <strong>de</strong>capitação <strong>de</strong> João Batista. Antipas, como se sabe, silenciara a<br />

voz do gran<strong>de</strong> e popular profeta do <strong>de</strong>serto da Judéia, cuja mensagem contra o pecado incomodava o<br />

monarca.<br />

Hero<strong>de</strong>s, Pilatos e outros governadores da Palestina representavam o opressivo e corrupto Império<br />

Romano, que com as suas constantes extorsões, intolerâncias, torturas e injustiças, zombava da dignida<strong>de</strong><br />

humana. Por isso estavam na moda as insurreições e os movimentos <strong>de</strong> libertação, alguns <strong>de</strong>stes <strong>de</strong><br />

caráter religioso. Os sicários, por exemplo, eram agitadores e terroristas que, portando armas brancas<br />

bem escondidas sob as vestes, infiltravam-se nos ajuntamentos públicos a fim <strong>de</strong> assassinar autorida<strong>de</strong>s<br />

romanas.<br />

Embora Jesus vivesse no meio <strong>de</strong> tanto ódio e injustiça, jamais li<strong>de</strong>rou uma insurreição dos oprimidos<br />

contra os opressores, e não tentou uma reforma civil nem con<strong>de</strong>nou os inimigos da nação. Pelo contrário,<br />

ajudou alguns comandantes militares romanos e tornou-se amigo <strong>de</strong> publicanos — os odiados traidores<br />

da nação, que cobravam os impostos para Roma — e até hospedou-se na casa <strong>de</strong> um dos principais<br />

<strong>de</strong>les, Zaqueu. Por quê? Lucas, ao narrar a conversão <strong>de</strong> Zaqueu, cita as palavras <strong>de</strong> Jesus: “Porque o<br />

Filho do homem veio buscar e salvar o perdido” (Lc 19.10).<br />

Jesus, ao conservar-se afastado dos governantes da época e ao recusarse a interferir na administração<br />

dos que <strong>de</strong>tinham o po<strong>de</strong>r, revelava a sua <strong>de</strong>scrença em que medidas humanas e externas pu<strong>de</strong>ssem<br />

<strong>de</strong>belar a injustiça e o sofrimento. Profundamente i<strong>de</strong>ntificado com as misérias humanas, Jesus trouxe a<br />

este pobre mundo o único remédio verda<strong>de</strong>iramente eficaz para uma cura verda<strong>de</strong>iramente eficaz, ou<br />

seja, a regeneração do coração. O reino <strong>de</strong> Deus não po<strong>de</strong> ser estabelecido mediante <strong>de</strong>creto dos gran<strong>de</strong>s

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