O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Charge C <strong>–</strong> PLÁGIO À INDEPENDÊNCIA<br />
104<br />
Como veremos abaixo, a figura C, trata-se <strong>de</strong> mais uma obra <strong>de</strong> Jaguar, que se<br />
arrisca ao ilustrar o quadro <strong>de</strong> Pedro Américo, que leva o nome <strong>de</strong> O grito <strong>de</strong> Ipiranga,<br />
no qual nesta tentativa, Dom Pedro I, ao invés <strong>de</strong> gritar In<strong>de</strong>pendência ou morte,<br />
aparece com o balão e a frase: Eu quero mocotó, verso <strong>de</strong> uma música do cantor Jorge<br />
BenJor. A charge foi consi<strong>de</strong>rada um <strong>de</strong>boche ao espírito nacionalista, do “Brasil, ame-<br />
o ou <strong>de</strong>ixe-o”, tão enfatizado pelos militares. Por causa da charge, Luiz Carlos Maciel,<br />
Paulo Francis, Ziraldo, Sérgio Cabral e Paulo Garcez foram parar prisão, além claro, do<br />
próprio autor da charge. O episódio <strong>de</strong> O <strong>Pasquim</strong> expõe uma das principais<br />
características da charge, a crítica social e política expressa com humor.<br />
Figura C<br />
O <strong>Pasquim</strong> nº 72 <strong>de</strong> 4 a 10 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1970, pg 14.<br />
Antes <strong>de</strong> prosseguir a análise, <strong>de</strong>ve ser lembrado que a existência <strong>de</strong>sta charge<br />
envolve um fato muito curioso. A primeira censora que frequentou á redação do<br />
<strong>Pasquim</strong>, chamada pela equipe <strong>de</strong> apenas Dona Marina, acabou amiga <strong>de</strong> bebe<strong>de</strong>ira dos<br />
jornalistas e foi <strong>de</strong>mitida por <strong>de</strong>ixar passar esta fotomontagem <strong>de</strong> Jaguar, que na visão<br />
dos militares foi um <strong>de</strong>boche a um quadro tão famoso da História do Brasil, tratando-se<br />
do Grito da In<strong>de</strong>pendência ou Grito do Ipiranga, que ocorreu em 1822.<br />
Dona Marina, responsável por liberar as páginas do <strong>Pasquim</strong>, foi <strong>de</strong>stituída do<br />
cargo logo após o jornal chegar às bancas. Para os que faziam o <strong>Pasquim</strong>, foi tomada<br />
uma <strong>de</strong>cisão radical para silenciar o jornal: em poucos dias, uma vez que, onze<br />
jornalistas do semanário foram presos sem um período <strong>de</strong>terminado. Várias