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O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

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5.3 HUMOR NO PASQUIM: RESISTINDO A CENSURA<br />

Neste capítulo vamos apresentar a análise das charges no jornal O <strong>Pasquim</strong> no<br />

período <strong>de</strong> <strong>1969</strong> até <strong>1971</strong>, formando uma or<strong>de</strong>m cronológica <strong>de</strong> acontecimentos que<br />

marcaram a trajetória do semanário carioca. Dessa forma, vamos examinar as imagens,<br />

em termos <strong>de</strong> forma e <strong>de</strong> conteúdo, alinhando as mesmas na sequência <strong>de</strong> textos, cada<br />

uma <strong>de</strong>las será i<strong>de</strong>ntificada através <strong>de</strong> subtítulos. Para tanto <strong>nos</strong> apoiaremos em alguns<br />

conceitos que foram mapeados no capítulo anterior e que vão <strong>nos</strong> ajudar na leitura dos<br />

materiais.<br />

Nestas condições, o objetivo <strong>de</strong>ste capítulo é analisar algumas aspectos dos<br />

construídos pelos jornalistas e cartunistas, na forma <strong>de</strong> charges, visando, sobretudo<br />

i<strong>de</strong>ntificar os propósitos dos autores, ao fazer uso <strong>de</strong>sta estratégia. Segundo <strong>nos</strong>sa<br />

hipótese, o recurso a esta linguagem visa, <strong>de</strong>ntre outras coisas, apresentar formas <strong>de</strong><br />

resistência à censura. Recor<strong>de</strong>mos que o humor trabalhado conforme vimos acima com<br />

a produção do segundo sentido, ou seja, algo que não está na aparentemente visível, mas<br />

que se explica a partir <strong>de</strong> articulações <strong>de</strong> linguagens e seus protocolos. Iremos fazer a<br />

leitura das imagens para <strong>de</strong>svendar como elas conseguiram informar apesar da censura<br />

imposta.<br />

O jornal O <strong>Pasquim</strong> utilizou esse segundo sentido na construção humorística <strong>de</strong><br />

suas charges, com mensagens implícitas como um mecanismo <strong>de</strong> se fazer enten<strong>de</strong>r<br />

diante da censura. A maneira encontrada pela equipe do jornal foi utilizar largamente<br />

<strong>de</strong>ste recurso <strong>de</strong> linguagem para produzir mensagens nas quais <strong>de</strong>ixava a posição<br />

subentendida, como forma <strong>de</strong> driblar a censura. O humor foi a gran<strong>de</strong> carta da manga,<br />

enquanto estratégia discursiva do <strong>Pasquim</strong>. Muitos termos textuais contidos nas<br />

entrevistas e as jogadas <strong>de</strong> mestre das charges conseguiram passar <strong>de</strong>spercebidos pelos<br />

censores.<br />

No ambiente sufocante em que o país se encontrava, O <strong>Pasquim</strong> cumpriria a<br />

missão <strong>de</strong> produzir novas condições para informar os leitores, reunindo alguns dos mais<br />

brilhantes jornalistas, cartunistas e chargistas da época. Nomes como Sérgio Cabral,<br />

Tarso <strong>de</strong> Castro, Millôr Fernan<strong>de</strong>s, Jaguar, Ziraldo Alves Pinto, Sérgio Augusto,<br />

Fortuna, Claudius Ceccon, Miguel Paiva, Paulo Francis, Luiz Carlos Maciel, Martha<br />

Alencar, Ivan Lessa e Henfil.<br />

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