O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
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espaços alternativos à gran<strong>de</strong> imprensa”. É nessa dupla oposição ao sistema<br />
representado pelo regime militar e aos limites à produção intelectual<br />
jornalística <strong>de</strong>vido a repressão, que se encontra a lógica <strong>de</strong>ssa união que<br />
movimentou tantas pessoas com os mesmos i<strong>de</strong>ais. (KUCINSKI, 1991: p.<br />
16).<br />
Kucinski foi integrante do movimento jornalístico alternativo dos a<strong>nos</strong> 60 e 70, e<br />
<strong>nos</strong> dias <strong>de</strong> hoje é pesquisador do assunto. Em sua obra, Jornalistas e Revolucionários:<br />
Nos tempos da Imprensa Alternativa, ele ressalta que “esses periódicos foram chamados<br />
<strong>de</strong> imprensa nanica <strong>de</strong>vido ao formado pequeno” (1991, p. 5). A expressão imprensa<br />
alternativa teria sido intitulada por Dines, conforme citado em Kucinski (1991). Leia<br />
abaixo.<br />
O termo ‘alternativa’ contém quatro dos significados que po<strong>de</strong>m explicar<br />
esse tipo <strong>de</strong> imprensa. “o <strong>de</strong> algo que não está ligado a políticas dominantes;<br />
o <strong>de</strong> uma opção entre duas coisas reciprocamente exclu<strong>de</strong>ntes; o <strong>de</strong> única<br />
saída, para uma situação difícil e, finalmente, o do <strong>de</strong>sejo das gerações dos<br />
a<strong>nos</strong> 60 e 70 <strong>de</strong> protagonizar as transformações sociais que pregavam.”<br />
(KUCINSKI, 1991, p. 13).<br />
Jornalista e escritor, Dines lançou diversos jornais e revistas no Brasil e também<br />
em Portugal. Entre os cargos que ocupou, o jornalista foi editor-chefe do Jornal do<br />
Brasil durante doze a<strong>nos</strong>, inclusive no período em que a Ditadura Militar se instaurou<br />
no país.<br />
Voltando aos impressos alternativos, Braga (1991, p. 22), ressalta que “apesar <strong>de</strong><br />
ter caráter militante, os jornais alternativos também são informativos e necessitam<br />
manter-se como empresa para sobreviver, já que não sustentados por um partido”.<br />
Esse entendimento é importante para enfatizar o papel social do jornalismo<br />
alternativo, que engloba o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> reunir-se para fazer alguma coisa quanto às<br />
injustiças da ditadura militar e da <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social.<br />
Claro, que no meio <strong>de</strong>ssas vertentes, estão muitos outros fatores envolvidos<br />
como a rebeldia <strong>de</strong> uma geração, um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e da vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover a<br />
redução das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s existentes no país e nesse contexto que os jornalistas da<br />
imprensa alternativa se inspiraram e, consequentemente, os jornais, com o seu papel e<br />
trabalho formam as características <strong>de</strong> uma imprensa nanica, porém atraente.<br />
No item que segue, iremos continuar contextualizando a política no Brasil,<br />
porém, <strong>de</strong> um novo e severo ponto <strong>de</strong> vista: o da repressão. Com o Golpe Militar em<br />
1964, inicia-se um longo e difícil período para a população brasileira.