O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
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Para Sírio Possenti (2010), no livro Humor, Língua e Discurso, os textos<br />
humorísticos têm cada vez mais surgido no meio jornalístico e também em diversos<br />
campos <strong>de</strong> pesquisa (estudos “culturais”, História, Sociologia, Psicanálise, Psicologia) e<br />
estudos <strong>de</strong> linguagem, classifica a charge como textos humorísticos:<br />
Ele diz que:<br />
Os “textos” humorísticos, embora, evi<strong>de</strong>ntemente, não sejam sempre<br />
“referenciais”, guardam algum tipo <strong>de</strong> relação (a ser explicitada, já que<br />
humor não é Sociologia nem História) com os diversos tipos <strong>de</strong><br />
acontecimento. As charges, por exemplo, são tipicamente relativas a fatos<br />
“do dia”. (POSSENTI, 2010, p. 27).<br />
O autor contempla em seu livro, os sentidos que um texto ou imagem po<strong>de</strong> ter.<br />
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as técnicas humorísticas fundamentais consistem em permitir a <strong>de</strong>scoberta <strong>de</strong><br />
outro sentido, <strong>de</strong> preferência inesperado, frequentemente distante daquele que<br />
é o expresso em primeiro plano, e que, até o <strong>de</strong>sfecho da piada, parecia ser o<br />
único possível. (POSSENTI, 2010, p. 61)<br />
É através <strong>de</strong>ssas construções que o humor se remete à raiz <strong>de</strong> seu significado<br />
original, a liqui<strong>de</strong>z, capaz <strong>de</strong> se adaptar a forma do espaço que o contêm, e on<strong>de</strong> coisas<br />
tão distintas quanto uma ofensa e um alento po<strong>de</strong>m misturar-se e provocar risos, e numa<br />
gama <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> expressão tão variadas quanto uma música, um texto ou uma charge.<br />
Possenti analisa o humor como uma esfera, dividida em gêneros, <strong>de</strong>ntre quais as<br />
piadas. Ele explica.<br />
Para caracterizar o humor como uma esfera, creio que o exemplo mais típico<br />
para construir uma analogia é a literatura. Também nessa esfera se trata <strong>de</strong><br />
muitos temas <strong>–</strong> <strong>de</strong> quase tudo <strong>–</strong> e isso se faz por meio <strong>de</strong> muitos gêneros.<br />
Correlativamente, o humor trata <strong>de</strong> quase tudo e também o faz por meio <strong>de</strong><br />
muitos gêneros, da comédia à charge. (POSSENTI, 2010, p. 104).<br />
Englobada no conceito <strong>de</strong> humor, objeto da <strong>nos</strong>sa análise, a charge é uma das<br />
técnicas mais usadas como humor, no qual o <strong>de</strong>senho se torna o gran<strong>de</strong> meio <strong>de</strong><br />
comunicação e informa tanto quanto um texto. Sanchotene apresenta o humor e suas<br />
vias, na monografia Humor e Política: a charge como estratégia <strong>de</strong> editorialização do<br />
telejornal, da seguinte forma. “O primeiro aspecto a abordar quando se fala <strong>de</strong> charge é<br />
procurar <strong>de</strong>fini-la. Isso porque a categoria que engloba o humor gráfico po<strong>de</strong> ser<br />
representada <strong>de</strong> diversas formas”. Desse modo, o autor contempla que “essas <strong>de</strong>finições<br />
são, antes <strong>de</strong> tudo, uma questão <strong>de</strong> categorias distintas do <strong>de</strong>senho gráfico que<br />
compreen<strong>de</strong> o cartum, a história em quadrinhos, a caricatura e a charge”.<br />
(SANCHOTENE, 2008, p. 76).