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O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

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3. A EMERGÊNCIA DA IMPRENSA ALTERNATIVA<br />

Neste terceiro capítulo, vamos i<strong>de</strong>ntificar os principais motivos que levaram a<br />

imprensa a inovar a fim <strong>de</strong> transformar o momento em que o país vivia, a Ditadura<br />

Militar. Com o AI-5 e a censura, os modos <strong>de</strong> informar ficaram comprometidos,<br />

trazendo a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma mudança, <strong>de</strong> um modo <strong>de</strong> informar que atinja o público<br />

alvo, os chamados <strong>de</strong> esquerda. Neste grupo, se encaixam todos aqueles que eram<br />

contra o Regime, contra os mandos dos militares e a favor da liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão.<br />

Durante esse período, as formas <strong>de</strong> resistência encontradas foram inúmeras.<br />

Aparece um novo grupo <strong>de</strong> movimentos sociais, forjados, especialmente a partir <strong>de</strong> uma<br />

esquerda cristã. Quanto aos sindicatos, que criam suas centrais nacionais e grupos <strong>de</strong><br />

intelectuais, militantes políticos e jornalistas, dão vida e cor a essa imprensa alternativa,<br />

também chamada in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e também nanica, que até então, dá seus primeiros<br />

passos rumo ao estrelato.<br />

Em um período <strong>de</strong> repressão, os jornais alternativos visavam justamente achar<br />

brechas neste modo <strong>de</strong> controle (que envolvia censura e direitos abolidos). Esses meios<br />

<strong>de</strong> comunicação transformam a lógica <strong>de</strong> controle pelo po<strong>de</strong>r cultural: se o Regime<br />

Militar queria escon<strong>de</strong>r certas informações, os jornais alternativos tinham como papel,<br />

contar, informar a população. Se o Regime buscava amordaçar o jornalismo, os meios<br />

alternativos buscavam meios para fazer um exercício profissional <strong>de</strong> jornalismo cada<br />

vez mais livre.<br />

O surgimento <strong>de</strong>ssa imprensa alternativa ocorreu justamente como resultado <strong>de</strong><br />

uma comunicação <strong>de</strong> resistência, que existiu mesmo <strong>nos</strong> momentos mais severos da<br />

Ditadura Militar, baseada na música, filmes, leituras e reflexões acadêmicas. A<br />

comunicação <strong>de</strong> resistência, conforme Berger é o indício da acumulação <strong>de</strong> forças pelos<br />

grupos <strong>de</strong> oposição.<br />

Braga (1991) observa o papel <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> imprensa e o momento em que a<br />

mesma se inseriu no país. Ele enfatiza que “um dos objetivos principais da imprensa<br />

alternativa preenche um espaço <strong>de</strong>ixado vago pelas gran<strong>de</strong>s empresas nas condições<br />

políticas dos a<strong>nos</strong> 70, on<strong>de</strong> as maneiras <strong>de</strong> ocupar esse espaço vão caracterizá-la, e<br />

sorna, por sua prática, uma crítica à imprensa indústria”. Desse modo, o autor explica<br />

que:<br />

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