O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
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principal sacada e <strong>de</strong>sse modo, disfarça a situação em que o país vivia, mantendo uma<br />
espécie <strong>de</strong> código com o seu leitor que recebe a mensagem e a enten<strong>de</strong>.<br />
Particularmente, acreditamos que o papel do humor na realização <strong>de</strong> um discurso<br />
político para enfrentar regimes marcados pela censura, é um gran<strong>de</strong> artifício, pois<br />
através do humor, é possível brincar com tamanha arma, que é a censura, e discorrer<br />
sobre assuntos polêmicos com leveza e graça. A peça chave do <strong>Pasquim</strong> foi com certeza<br />
o humor utilizado em suas charges, principalmente no período analisado nesta<br />
monografia (<strong>1969</strong> <strong>–</strong> <strong>1971</strong>), momento <strong>de</strong> intensa repressão e também o momento que o<br />
tabloi<strong>de</strong> se mostra mais forte e engajado, apoiado sempre em sua vertente: o humor.<br />
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Em relação às charges analisadas, cada uma <strong>de</strong>las possui características<br />
peculiares <strong>de</strong> seus autores respectivos, assim como o traço e o modo <strong>de</strong> dizer. Elas se<br />
interligam com os acontecimentos relacionados com o tablói<strong>de</strong> no período <strong>de</strong> um ano e<br />
o humor apresentado nas mesmas gera uma relação direta com a situação da época do<br />
semanário. Portanto, com esse humor peculiar po<strong>de</strong>mos perceber e conhecer mais sobre<br />
o imaginário <strong>de</strong> cada cartunista e o que eles queriam dizer nas mensagens dos balões <strong>de</strong><br />
fala, no traço, no modo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhar, na ênfase da mensagem, entre outras<br />
peculiarida<strong>de</strong>s.<br />
Trabalhar com humor, com certeza <strong>nos</strong> trouxe um maior <strong>de</strong>sejo e curiosida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
investigar, procurar saber por que ele teve esse caráter tão importante para o <strong>Pasquim</strong>, e<br />
como a equipe <strong>de</strong>sse jornal, soube usar com maestria esse recurso em seus materiais. E<br />
a partir <strong>de</strong>sse contexto e dos resultados que pu<strong>de</strong>mos adquirir nesta monografia, entendo<br />
<strong>de</strong> uma forma mais clara o po<strong>de</strong>r que uma imagem tem diante dos olhos do público e<br />
principalmente do público alvo, como aconteceu <strong>nos</strong> a<strong>nos</strong> do Regime Militar. O<br />
<strong>Pasquim</strong>, com inteligência, soube atingir esse público alvo, que permaneceu fiel ao<br />
semanário durante o período <strong>de</strong> repressão, assim como no período da prisão dos<br />
jornalistas.<br />
Rir, nesse período, se tornou algo raro diante <strong>de</strong> ações <strong>de</strong> um governo,<br />
caracterizada por tantas prisões, mortes, <strong>de</strong>saparecimentos e <strong>de</strong>mais acontecimentos<br />
<strong>de</strong>sse momento político em que o Brasil vivia. Portanto, rir, seja através <strong>de</strong> notícias,<br />
reportagens e textos, ficou mais difícil e o <strong>Pasquim</strong> conseguiu, através das charges,<br />
construir um humor sutil e eficaz, capaz <strong>de</strong> conquistas leitores fiéis que <strong>de</strong>positaram no<br />
semanário toda a esperança <strong>de</strong> uma mudança no modo <strong>de</strong> vida nessa época, através do<br />
riso que o mesmo proporcionava.