13.04.2013 Views

O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Kucinski (1991) refere-se a esse jornalismo <strong>de</strong> oposição como “aquele feito no<br />

período <strong>de</strong> 1970 a 1975, quando os jornais alternativos não eram símbolo, mas a própria<br />

resistência tomada face à censura” (1991, p. 15).<br />

Klein (2006, apud Kucinski, 1991), aponta que este fazer jornalístico<br />

empreendido pelos jornais alternativos que alcançaram gran<strong>de</strong> repercussão (e tiragem)<br />

influenciou no surgimento <strong>de</strong> práticas diferenciadas, que se expandiram para inúmeros<br />

jornais. Esse jornalismo está inserido em um panorama mais amplo <strong>de</strong> resistência<br />

cultural: os alternativos tentavam driblar a censura, fugindo das mais variadas formas <strong>de</strong><br />

domínio e contando as histórias sob as formas mais variadas.<br />

Na visão <strong>de</strong> Caparelli, os alternativos geralmente “refletem as i<strong>de</strong>ologias dos<br />

grupos que estão por trás <strong>de</strong>sses projetos” (1989, p. 96). Nesse grupo <strong>de</strong> oposição ao<br />

Regime, faziam parte os chamados subversivos, que faziam parte da imprensa em geral<br />

e eram mais dispersos, logo, mais difíceis <strong>de</strong> serem i<strong>de</strong>ntificados e recriminados. Nota-<br />

se que a censura sobre os jornais e jornalistas <strong>de</strong>ssa imprensa tenha sido mais rígida.<br />

Com isso, a imprensa alternativa não nasce apenas como resultado da repressão política.<br />

A direta pressão econômica dos empresários <strong>de</strong> comunicação também contribuiu na<br />

formação <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> jornalistas (entre redatores, ilustradores, escritores e<br />

fotógrafos) com gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção que, aos poucos foi sendo afastado da<br />

gran<strong>de</strong> imprensa criando outra forma <strong>de</strong> trabalho jornalístico no campo alternativo.<br />

A gran<strong>de</strong> sacada <strong>de</strong>sse novo jornalismo, segundo Klein (2006), se <strong>de</strong>ve as<br />

propostas jornalísticas diferenciadas que ele buscava realizar, as quais “<strong>de</strong>vem aludir<br />

novas angulações para a abordagem do cotidiano (portanto, constituindo uma alternativa<br />

frente ao discurso dominante)”. Assim, a autora enfatiza que “ao mesmo tempo em que,<br />

por traduzir um sentimento <strong>de</strong> mudança e <strong>de</strong> tentativa <strong>de</strong> engajamento, estas mesmas<br />

propostas consistem, em si, numa ação específica para chegar à mudança pretendida”.<br />

(2006, p. 69). A autora enfatiza que os jornais alternativos se arriscaram a encontrar<br />

formas novas <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> materiais. “Alguns se <strong>de</strong>dicaram a trabalhar com a charge,<br />

<strong>de</strong>senhos, contos, crônicas, histórias <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> pessoas variadas. Desafiaram-se a<br />

buscar um espaço que estava fechado e, em boa medida, impulsionaram gran<strong>de</strong>s<br />

aberturas”. (2006, p. 76).<br />

A emergência <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> imprensa foi fundamental para uma gran<strong>de</strong><br />

transformação no país. Com essa imprensa, nasceram inúmeros jornais que<br />

revolucionaram os modos <strong>de</strong> dizer no jornalismo e alcançaram seus objetivos para com<br />

a socieda<strong>de</strong> e a própria profissão.<br />

38

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!