13.04.2013 Views

O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Gaspari (2002), em A Ditadura Escancarada, ao analisar a ditadura <strong>de</strong> Médici,<br />

consi<strong>de</strong>rada a mais violenta, compara com os outros militares a quem foi atribuído o<br />

posto, utilizando a única entrevista concedida pelo general:<br />

A Castello Branco a ditadura parecera um mal. Para Costa e Silva, fora uma<br />

conveniência. Para Médici, um favor neutro, instrumento da ação burocrática,<br />

fonte <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> força. Não só se orgulhou <strong>de</strong> ter namorado o AI-<br />

5 <strong>de</strong>s<strong>de</strong> antes <strong>de</strong> sua edição, como sempre viu nele um verda<strong>de</strong>iro elixir: “Eu<br />

tenho o AI-5 nas mãos e, com ele posso tudo”, disse certa vez a um <strong>de</strong> seus<br />

ministros. “Eu tinha o AI-5, podia tudo”, rememorou na única entrevista que<br />

conce<strong>de</strong>u. Teve uma relação natural com a censura, como se ela fizesse parte<br />

<strong>de</strong> um manual <strong>de</strong> instrução. (GASPARI, 2002, p. 133).<br />

Desse modo, classificado como imprensa ten<strong>de</strong>nciosa, o <strong>Pasquim</strong> foi<br />

consi<strong>de</strong>rado, <strong>nos</strong> documentos do presi<strong>de</strong>nte Geisel, assim como os jornais Movimento,<br />

Opinião, Crítica e Ex, como uma imprensa ten<strong>de</strong>nciosa que influenciava na formação<br />

dos jovens.<br />

Durante os a<strong>nos</strong> em que o país esteve no comando dos militares, po<strong>de</strong>mos<br />

mencionar dois tipos <strong>de</strong> censura: a censura prévia e a autocensura.<br />

Vaucher (2012, p. 4), classifica que “a censura prévia <strong>de</strong>terminava que tudo que<br />

o que fosse preparado por um jornal seria examinado pela polícia antes da sua<br />

divulgação”. Desse modo, os censores analisavam todo o material que estava sendo<br />

produzido. “Liberavam, vetavam ou liberavam com restrições, chegando ao ponto <strong>de</strong><br />

algumas vezes os cortes eram tão drásticos que praticamente inviabilizava a<br />

publicação”. O autor enfatiza que esse tipo <strong>de</strong> censura “causou gran<strong>de</strong>s prejuízos à<br />

imprensa, por muitas razões muitos jornais <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> existir e outros per<strong>de</strong>ram<br />

força”. Esse fato se <strong>de</strong>u <strong>de</strong>vido a intensa repressão aos meios <strong>de</strong> comunicação, que sem<br />

po<strong>de</strong>r exercer o seu papel, não via mais fundamento em continuar seu ofício.<br />

Apesar <strong>de</strong> ter sido um dos alvos da censura “O <strong>Pasquim</strong> permaneceu atuante,<br />

mesmo com gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong> sua equipe sendo presa, por conta da ajuda <strong>de</strong> seus<br />

colaboradores”. (VAUCHER, 2012, p. 4). Além do <strong>Pasquim</strong>, outros jornais sofreram<br />

com a censura prévia, como o Estado <strong>de</strong> São Paulo, Tribuna <strong>de</strong> Imprensa, Movimento,<br />

entre outros. De acordo com WEBER (2000, p. 185), essa censura era realizada <strong>de</strong><br />

várias maneiras: através <strong>de</strong> bilhetes, com ou sem assinatura, por telefone, audiência e<br />

gravação, ou diretamente na redação dos veículos.<br />

Retomando aos conceitos <strong>de</strong> Vaucher (2012), em 1º <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1970, a<br />

censura e a repressão chegaram à redação <strong>de</strong> O <strong>Pasquim</strong>. Parte dos jornalistas e<br />

cartunistas do jornal foi presa. Apesar disso, o tabloi<strong>de</strong> não saiu <strong>de</strong> circulação, com o<br />

63

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!