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O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

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americano publicou cinco A primeira matéria <strong>de</strong>fine o <strong>Pasquim</strong> como um jornal crítico<br />

em relação ao governo ditatorial e satírico em relação aos tabus da socieda<strong>de</strong> brasileira.<br />

Também menciona o sucesso do semanário, que atingia, naquele momento, a venda <strong>de</strong><br />

200 mil exemplares.<br />

Neste momento, entra em cena uma manifestação <strong>de</strong> apoio ao semanário, que<br />

talvez só a imprensa alternativa tinha: a colaboração <strong>de</strong> outros intelectuais cariocas da<br />

mesma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> sociabilida<strong>de</strong>. É possível dizer que a cultura e a própria censura<br />

pareciam ser pontos <strong>de</strong> convergência <strong>de</strong>sta geração. A essa colaboração intensa para<br />

manter o jornal em produção, o próprio <strong>Pasquim</strong> <strong>de</strong>u o nome <strong>de</strong> Rush da Solidarieda<strong>de</strong>.<br />

Por i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> com os jornalistas do semanário, vários artistas e intelectuais <strong>de</strong><br />

outras áreas agregaram-se ao <strong>Pasquim</strong>. Martha Alencar, jornalista e companheira da<br />

turma do <strong>Pasquim</strong>, conta que, na manhã seguinte da prisão dos redatores, Chico<br />

Buarque foi até a redação do jornal. Deixou um bilhete na porta, mesmo correndo o<br />

risco <strong>de</strong> ser reprimido, avisando que soube da prisão e estaria disposto a colaborar com<br />

o jornal. A partir daí, outros compositores, <strong>de</strong>ste mesmo grupo social, começaram a se<br />

responsabilizar pelo fechamento <strong>de</strong> algumas páginas do <strong>Pasquim</strong>.<br />

Na área cinematográfica, uma das mais importantes participações foi <strong>de</strong> Glauber<br />

Rocha, porta-voz do conceitual e experimental cinema novo. Quando soube da prisão<br />

dos jornalistas, o cineasta foi à redação do <strong>Pasquim</strong> e, esbravejando, segundo conta<br />

Martha Alencar, mostrou sua repulsa em relação ao episódio e começou a colaborar<br />

com o jornal sistematicamente.<br />

A re<strong>de</strong> <strong>de</strong> colaboradores que se uniu para manter o <strong>Pasquim</strong> conseguiu imprimir<br />

várias edições do jornal apesar <strong>de</strong> outras limitações que a censura impôs ao semanário.<br />

A polícia fe<strong>de</strong>ral do Rio <strong>de</strong> Janeiro suspen<strong>de</strong>u algumas vezes, sem or<strong>de</strong>m judicial, a<br />

publicação do <strong>Pasquim</strong>, e grampearam o telefone da redação.<br />

Ao contrário da violência que predominou os diferentes períodos <strong>de</strong> censura no<br />

Brasil, os jornalistas do <strong>Pasquim</strong> acabaram tendo momentos <strong>de</strong> relacionamento próximo<br />

com os militares mesmo quando presos. Sérgio Cabral lembra, no documentário O<br />

<strong>Pasquim</strong> e a subversão do humor, <strong>de</strong> 1999, que um militar, em um sábado à noite, foi<br />

conversar com ele e com Ziraldo, abriu a cela, pediu para trazerem cerveja e um violão.<br />

O gran<strong>de</strong> questionamento dos oficiais, entretanto, era em relação aos vínculos<br />

dos redatores com a esquerda. Segundo Maciel conta, os interrogatórios vinham sempre<br />

acompanhados <strong>de</strong> uma lista dos envolvimentos <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les com a esquerda e com<br />

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