O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
5.1 O HUMOR <strong>COMO</strong> LINGUAGEM DE COMUNICAÇÃO<br />
“O tirano po<strong>de</strong> evitar uma fotografia. jamais po<strong>de</strong>rá impedir uma<br />
caricatura” Millôr Fernan<strong>de</strong>s.<br />
Neste capítulo, antes <strong>de</strong> fazer a análise das estratégias do <strong>Pasquim</strong>, via humor,<br />
estudamos o humor como forma <strong>de</strong> comunicação. vale lembrar que, <strong>de</strong>ntro da formação<br />
<strong>de</strong> estilos <strong>de</strong> oposição durante a Ditadura Militar no Brasil, é notável o uso do elemento<br />
humorístico como instrumento <strong>de</strong> manifestações contra o Regime, e em alguns casos,<br />
como o do jornal O <strong>Pasquim</strong>, no qual a linguagem do humor tornou-se o veículo <strong>de</strong><br />
comunicação entre as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> oposição <strong>de</strong> um pequeno grupo, os humoristas do jornal,<br />
e o público leitor.<br />
A palavra humor <strong>de</strong>riva do latim, e significa liquido, fluido (ZILLES, 2003, p.<br />
1). Para falarmos sobre os recursos <strong>de</strong> linguagem do humor gráfico, a melhor maneira<br />
<strong>de</strong> iniciar essa discussão é justamente sobre esse aspecto fluído que o humor apresenta.<br />
Ao afirmar essa característica, procuramos na verda<strong>de</strong> ressaltar os atributos que fazem<br />
da comicida<strong>de</strong> um meio <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s flexíveis.<br />
Em uma mesma obra que apresente o humor como característica principal, po<strong>de</strong><br />
apresentar uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> fins através do uso <strong>de</strong> recursos que se limitam pelo<br />
imaginário, conhecimento prévio e criativida<strong>de</strong> do autor. Apesar <strong>de</strong> tais características<br />
não serem uma exclusivida<strong>de</strong> do humor, estudos como os <strong>de</strong> Freud sobre a natureza do<br />
humor <strong>nos</strong> apontam que o <strong>de</strong>senvolvimento da flui<strong>de</strong>z do efeito cômico, principal<br />
veículo do humor, se dá por meio <strong>de</strong> recursos necessários a esta forma <strong>de</strong> comunicação,<br />
principalmente o humor gráfico.<br />
Partindo do pressuposto que a charge é uma crítica a <strong>de</strong>terminada situação ou<br />
pessoa através do humor, <strong>nos</strong> apoiamos em uma das teorias do jornalismo, a<br />
newsmaking, i<strong>de</strong>ntificando os valores noticia, ou seja, os critérios <strong>de</strong> seleção das<br />
charges, visamos com isso situar o humor <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um contexto jornalístico. Segundo<br />
Wolf (2005, p. 202), esses valores “[...] representam a resposta à seguinte pergunta:<br />
quais acontecimentos são consi<strong>de</strong>rados suficientemente interessantes, significativos,<br />
relevantes para serem transformados em noticia?” Desse modo, é um critério <strong>de</strong><br />
relevância discutido entre os jornalistas ao longo do processo <strong>de</strong> produção. O valor-<br />
notícia ajuda os profissionais <strong>de</strong> imprensa <strong>de</strong>cidir quais notícias serão publicadas.<br />
73