O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
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O autor se refere à charge então, como a técnica que mais ilustra o papel do<br />
humor como linguagem, porém, o autor aborda as <strong>de</strong>mais categorias e seus papéis no<br />
humor gráfico e no jornalismo.<br />
Já Marques <strong>de</strong> Melo afirma que:<br />
As charges, caricaturas e ilustrações editoriais são um meio visual e muito<br />
eloquente <strong>de</strong> expressar opiniões, geralmente pela forma <strong>de</strong> humor. O uso da<br />
imagem como instrumento <strong>de</strong> opinião aten<strong>de</strong>, muitas vezes ao imperativo <strong>de</strong><br />
influenciar um público maior que aquele <strong>de</strong>dicado à leitura atenta dos<br />
gêneros opinativos convencionais: editorial, artigo, crônica etc. (MARQUES<br />
DE MELO, 1985, p. 120).<br />
O mesmo autor <strong>de</strong>fine a caricatura como a “forma <strong>de</strong> expressão artística através<br />
do <strong>de</strong>senho que tem por fim o humor”. (1985, p. 123). Grudzinski, trata a charge<br />
enquanto gênero jornalístico, tão importante quanto os outros gêneros opinativos. Isso<br />
tudo porque a “imagem é um instrumento ainda mais eficaz <strong>de</strong> convencimento, <strong>de</strong>vido à<br />
assimilação que a charge dá ao leitor <strong>de</strong> perceber a opinião expressa” (2009: 3-4).<br />
Desse modo, a linguagem das charges e caricaturas po<strong>de</strong> ser entendida como um<br />
gênero opinativo no jornalismo, <strong>de</strong>vido ao seu po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> informar tanto quanto um texto.<br />
Elas ocupam um lugar significante <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um jornal, sendo o mesmo espaço do<br />
editorial, comentários e artigos. A riqueza existente em uma charge é tão valiosa quanto<br />
a riqueza <strong>de</strong> um texto, porém é preciso saber interpretá-la. A mensagem crítica que uma<br />
charge po<strong>de</strong> exercer é bastante gran<strong>de</strong> e po<strong>de</strong> valer por mil palavras. Oliveira e<br />
Almeida (2006), no artigo Gêneros Jornalísticos opinativos do humor: caricaturas e<br />
charges, tratam o humor como uma linguagem <strong>de</strong> comunicação muito po<strong>de</strong>rosa e na<br />
forma <strong>de</strong> charge, consegue transpor mais ainda a sua real intenção.<br />
A charge sentencia e mostra os fatos pelo ângulo da indignação e da ironia.<br />
No <strong>de</strong>senho, as atitu<strong>de</strong>s duvidosas dos do<strong>nos</strong> do po<strong>de</strong>r são divulgadas sem<br />
qualquer tentativa <strong>de</strong> suavização ou <strong>de</strong> imparcialida<strong>de</strong>. Esse é o espaço para a<br />
crítica e para os juízos <strong>de</strong> valor. (OLIVEIRA; ALMEIDA, 2006, p. 78).<br />
Segundo esta perspectiva, observa-se a articulação existente entre texto e humor<br />
para a captação <strong>de</strong> um entendimento ou <strong>de</strong> efeito <strong>de</strong> uma mensagem. Articulação esta,<br />
que reúne comicida<strong>de</strong> e analogia, características da charge, baseados em atos,<br />
acontecimentos e fatos. O sentido a que envolve a charge é aquele que propõe uma<br />
produção <strong>de</strong> verda<strong>de</strong> única através da sua penetração na realida<strong>de</strong> política e social. Na<br />
maior parte <strong>de</strong> seu caminho, a charge interpreta o real <strong>de</strong> maneira combativa, crítica e<br />
atrativa. Combativa por subverter a realida<strong>de</strong> e tomar isso como uma <strong>de</strong>núncia <strong>de</strong><br />
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