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O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

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Três frases-editoriais do período em que a censura estava centralizada em<br />

Brasília contam a dificulda<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> produção do jornal naquele momento: “O<br />

<strong>Pasquim</strong> <strong>–</strong> um jornal que não é editado por seus editores” (edição 261, publicada em<br />

1974); “O <strong>Pasquim</strong> <strong>–</strong> um jornal que balança, mas não cai” (edição 264, <strong>de</strong> 1974); e<br />

“Cumprimos o doloroso <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> informar que estamos vivos” (edição 279, <strong>de</strong> 1974).<br />

As campanhas institucionais do período Médici também eram alvo das piadas do<br />

jornal. <strong>Pasquim</strong>: ame-o ou <strong>de</strong>ixe-o, era uma clara menção à propaganda realizada pela<br />

Assessoria Especial <strong>de</strong> Relações Públicas (AERP). Esta assessoria era composta por<br />

jornalistas, psicólogos e sociólogos que <strong>de</strong>terminavam sobre os temas e o enfoque geral,<br />

contratando em seguida, agências <strong>de</strong> propaganda para produzir documentários para a<br />

televisão e o cinema, além <strong>de</strong> matérias para os jornais.<br />

O governo gastava milhões <strong>de</strong> cruzeiros em propagandas <strong>de</strong>stinadas a melhorar<br />

sua imagem junto ao povo. Através do humor, O <strong>Pasquim</strong> usou <strong>de</strong>ssa mesma frase para<br />

ressaltar que o país teria que aguentá-lo, como a frase: <strong>Pasquim</strong>, ame-o ou <strong>de</strong>ixe-o,<br />

fazendo uma espécie <strong>de</strong> releitura da famosa frase citada anteriormente.<br />

Os jornalistas não po<strong>de</strong>riam se arriscar e correr o risco <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o jornal, assim,<br />

mais uma vez a autocensura foi o meio encontrado na frase editorial. Nela eles<br />

<strong>de</strong>monstram que sim, tinham medo <strong>de</strong> tudo que estava acontecendo.<br />

A frase da edição nº 131, <strong>de</strong> 1972 diz: O PASQUIM <strong>–</strong> sai todas as terças, ou<br />

quartas, ou se calhar, quintas, se origina pelo fato <strong>de</strong> o jornal não ter o costume <strong>de</strong><br />

realizar reuniões <strong>de</strong> pauta, e por vezes o material atrasava, pois era necessário que os<br />

censores lessem todo antes <strong>de</strong> ir para a impressão. O <strong>Pasquim</strong> não tinha um dia certo<br />

para ir para as bancas. Geralmente era nas quintas-feiras, mas como nunca se sabia se<br />

tudo ia dar certo com as publicações, a pontualida<strong>de</strong> nunca foi a maior virtu<strong>de</strong> do<br />

semanário.<br />

Outra frase que estampou a capa do <strong>Pasquim</strong> foi: O importante não é vencer, é<br />

sair vivo. O ano <strong>de</strong>sta publicação é 1972, na edição nº 168. Os jornalistas tinham um<br />

humor ímpar para enfrentar a repressão que assolava o país. Devido a tantos “sumiços”,<br />

violências e mortes, o jornal driblava todo esse processo alertando que só queria sair<br />

vivo disso tudo.<br />

O ratinho Sig, uma espécie <strong>de</strong> mascote símbolo do <strong>Pasquim</strong>, estava presente em<br />

todas as edições do semanário estando presente nas charges, entrevistas, capas, tendo<br />

como principal função, ilustrar a opinião do jornal <strong>de</strong> uma forma irônica e engraçada.<br />

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