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O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

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<strong>de</strong>senvolvimento, quando, na verda<strong>de</strong>, foi a mais (...) atrasada [época] <strong>de</strong> <strong>nos</strong>sa história”<br />

(SODRÉ, 1999, p. 85).<br />

Após a In<strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> 1822, o país vive um avanço liberal que, <strong>de</strong> acordo<br />

com Sodré, permitiram o surgimento do pasquim, “imprensa peculiar, cujos traços <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>za e autenticida<strong>de</strong> são normalmente apresentados como impuros” (SODRÉ,<br />

1999, p. 85). A fase dos pasquins é encarada pelo autor, como a fase <strong>de</strong> propagação do<br />

jornalismo no Brasil, produto <strong>de</strong> iniciativas individuais ou <strong>de</strong> grupos formados,<br />

geralmente <strong>de</strong> liberais, <strong>de</strong> esquerda ou <strong>de</strong> direita. Sodré ainda classifica os pasquins da<br />

seguinte maneira:<br />

Eram vozes (...) bradando em altos termos e combatendo <strong>de</strong>satinadamente<br />

pelo po<strong>de</strong>r que lhes assegurasse condições <strong>de</strong> existência compatíveis ou com<br />

a tradição ou com a necessida<strong>de</strong>. Não encontrando a linguagem precisa (...), a<br />

norma política a<strong>de</strong>quada aos seus anseios, e a forma e organização a isso<br />

necessárias, <strong>de</strong>rivavam para a vala comum da injúria, da difamação (...). Não<br />

podiam fazer uso <strong>de</strong> outro processo porque não o conheciam (...) num meio<br />

em que a educação (...) estava pouquissimamente difundida (...), em que os<br />

que sabiam ler não tinham atingido o nível necessário ao entendimento das<br />

questões públicas e em que os que haviam frequentado escolas superiores se<br />

<strong>de</strong>liciavam em estéril formalismo (...), a única linguagem que todos<br />

compreendiam era mesmo a da injúria. (SODRÉ, 1999, p. 157).<br />

Já Sousa (2008), professor e pesquisador em Jornalismo, estuda sobre os jornais<br />

<strong>de</strong> cunho revolucionário e difamador, como os pasquins. O autor discute sobre o perfil<br />

<strong>de</strong>sses jornais, “que tinham uma periodicida<strong>de</strong> incerta, poucas páginas e que geralmente<br />

eram preenchidas através <strong>de</strong> artigos” (SOUSA, 2008, p. 20). O especialista comenta<br />

sobre a origem e trajetória <strong>de</strong>sses periódicos:<br />

Vários <strong>de</strong>les nasceram no contexto das revoltas liberais e republicanas que<br />

agitaram o Brasil até à estabilização da situação, já no reinado <strong>de</strong> D. Pedro II.<br />

Cada número podia conter um único artigo, sendo que no primeiro número<br />

era, por regra, apresentado um “programa” esclarecedor dos motivos pelos<br />

quais um novo periódico vinha a público. Normalmente, tinham vida curta e<br />

muitos apenas publicaram um número. Eram, com frequência, produto do<br />

trabalho <strong>de</strong> um homem só, mas por isso também eram livres e<br />

<strong>de</strong>sassombrados, sendo por vezes necessário recorrer à força para os<br />

silenciar. (SOUSA, 2008, p. 20).<br />

O autor salienta também, que além <strong>de</strong> artigos, nesse mesmo período, começaram<br />

a surgir novas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pasquins, os humorísticos. (1999:20).<br />

Já Sodré (1999, p. 180) classifica a época <strong>de</strong> 1830-1850 como “o gran<strong>de</strong><br />

momento da imprensa brasileira”, principalmente <strong>de</strong>vido à autenticida<strong>de</strong> e a liberda<strong>de</strong><br />

que adotam os pasquins. E tão gran<strong>de</strong> a admiração que Sodré tem por esse tipo <strong>de</strong><br />

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