O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
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Gráfico 01: Elaborado a partir dos dados do livro <strong>de</strong> Bernardo Kucinski, Jornalistas e<br />
Revolucionários <strong>–</strong> Nos Tempos da Imprensa Alternativa. 2ª edição. São Paulo: Edusp, 1993.<br />
No gráfico, é possível analisar que os jornais <strong>de</strong> cunho in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte e<br />
alternativo não tiveram uma vida tão longa assim. O <strong>Pasquim</strong> foi exemplo mais<br />
duradouro da história da imprensa alternativa do país. O tabloi<strong>de</strong> que trazia o humor<br />
como principal munição, é visto como um dos principais jornais alternativos ao lado <strong>de</strong><br />
Movimento e Opinião. No total, o <strong>Pasquim</strong> viveu 22 a<strong>nos</strong>, porém, durante os primeiros<br />
seis a<strong>nos</strong>, foi que o jornal conseguiu transpor <strong>de</strong> forma mais brilhante o seu papel na<br />
socieda<strong>de</strong>. Após o fim da censura prévia para o <strong>Pasquim</strong>, em 1975, o jornal per<strong>de</strong> um<br />
pouco sua vertente.<br />
A imprensa alternativa do Brasil foi uma aliada fundamental dos movimentos<br />
sociais, principalmente por ser feita <strong>de</strong> li<strong>de</strong>ranças <strong>de</strong> movimentos populares, ativistas<br />
políticos que agiam na ilegalida<strong>de</strong> por intelectuais que percebiam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
engajarem-se na luta pró-<strong>de</strong>mocratização e que, muitas vezes, fizeram isso pela<br />
comunicação. Foram muitos os casos que, como por exemplo, os jornais Amanhã, Pif-<br />
Paf e Informação, que exerceram influência <strong>de</strong>cisiva <strong>nos</strong> campos da política e do<br />
jornalismo em apenas meia dúzia <strong>de</strong> edições. (KUCINSKI, 1991, p. 24).<br />
Os jornais alternativos se <strong>de</strong>safiaram a encontrar maneiras diferentes <strong>de</strong><br />
produção <strong>de</strong> materiais. Alguns partiram para o lado do humor e trabalharam com<br />
charges, <strong>de</strong>senhos, outros com contos, crônicas e histórias <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> pessoas variadas.<br />
Porém, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> e o anseio <strong>de</strong> promover a diminuição das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s é<br />
que realmente alimentaram os jornalistas da imprensa alternativa <strong>de</strong>sse período.<br />
Consequentemente, os jornais frutos <strong>de</strong> seu trabalho espelham estas características.<br />
Caparelli (1980) observa que a maioria dos jornais alternativos foi fundada na<br />
passagem do governo Médici para o governo Geisel. Essa difusão no início do governo<br />
Geisel expressou também a esperança vivida pela socieda<strong>de</strong>. As pequenas esperanças<br />
que, por esse tempo, “levaram luz ao ambiente autoritário talvez tivessem sido<br />
impossíveis um ano antes, durante a censura mais feroz do governo Médici” (1980, p.<br />
54).<br />
Desse modo, apesar da intensa resistência aos meios alternativos, os jornais<br />
alternativos entraram na pauta da teoria e dos <strong>de</strong>bates acadêmicos ganhando <strong>de</strong>staque na<br />
luta pela liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão, porém eles não transformaram o mundo. Mas também<br />
é verda<strong>de</strong> que chamaram a atenção da mídia comercial para temáticas que não podiam<br />
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