13.04.2013 Views

O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

O jornalista Alberto Dines, em uma entrevista concedida ao Jornal da ABI, conta<br />

como recebeu a notícia que a censura seria instaurada no país e como ela <strong>de</strong>struiu com a<br />

esperança <strong>de</strong> uma geração:<br />

20<br />

A esperança era <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>mocracia fosse restaurada logo, mas o AI-5 em<br />

1968 acabou com essa ilusão do modo mais trágico. Quando eu ouvi pelo<br />

rádio, no programa A voz do Brasil, a leitura daquele catatau, disse: “Estamos<br />

ferrados. Vem aí a censura”. (Jornal da ABI - nº375 - 21/02/2012)<br />

Dines trabalhava no Jornal do Brasil nessa época e sofreu intensa repressão por<br />

suas publicações, e como ele mesmo disse na mesma entrevista: “A gente tinha que<br />

tomar <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> extrema gravida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> vida no fazer jornalístico”. (DINES,<br />

2012, p. 17).<br />

Marconi (1980) ao se referir à expansão da chamada linha dura, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que “o<br />

motivo para tanta violência era um só: o Regime militar não queria que a imprensa<br />

falasse sobre a política interna”. (MARCONI, 1980, p. 38). O autor ainda acusa a<br />

censura <strong>de</strong> uma manobra escusa, cômoda e ilegítima perante a socieda<strong>de</strong>.<br />

O Golpe Militar no Brasil reprimiu os diversos meios <strong>de</strong> comunicação e<br />

expressão. O ato gerou um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>scontentamento para a população, que teve que<br />

ficar calada diante <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> barbarida<strong>de</strong>s, como violências e até torturas que a<br />

ditadura militar realizou. O ato <strong>de</strong> informar foi diretamente atingido e os jornais não<br />

podiam informar o que estava acontecendo no país. Skidmore (1998) explica que,<br />

A prisão e tortura <strong>de</strong> jornalistas, as pressões (ou incentivos) sobre os<br />

proprietários dos jornais, juntamente com a censura direta, haviam reduzido<br />

quase toda a mídia, exceto uns poucos semanários <strong>de</strong> pequena circulação, à<br />

condição <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>res <strong>de</strong> torcida do governo ou, no mínimo, <strong>de</strong> simples caixas<br />

<strong>de</strong> ressonância das informações geradas no palácio presi<strong>de</strong>ncial<br />

(SKIDMORE, 1988, p. 266).<br />

O ato veio em represália à <strong>de</strong>cisão da Câmara dos Deputados, que se se negou a<br />

prestar autorização para que o <strong>de</strong>putado Márcio Moreira Alves fosse processado por um<br />

discurso on<strong>de</strong> interrogava até quando o Exército abrigaria torturadores.<br />

Entre tantos <strong>de</strong>cretos, a censura prévia que foi instaurada nesse período foi um<br />

dos momentos mais marcantes na história do Brasil e do jornalismo.<br />

Com esse processo, a população sofreu com mudança econômica, a falta <strong>de</strong><br />

liberda<strong>de</strong> e a repressão policial. Foi criado até <strong>de</strong>creto-lei contra as greves dos<br />

trabalhadores. O AI-5 estabeleceu os abusos do po<strong>de</strong>r, conce<strong>de</strong>ndo ao Presi<strong>de</strong>nte da

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!