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O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

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4.1 <strong>COMO</strong> NASCEU O PASQUIM<br />

Neste capítulo, vamos voltar no tempo, mais precisamente no ano <strong>de</strong> <strong>1969</strong>,<br />

quando foi o criado o jornal semanário que contribuiu substancialmente para modificar<br />

o modo <strong>de</strong> informar no jornalismo e que através do humor como linguagem <strong>de</strong><br />

comunicação, levou a informação a uma geração que sofria com os <strong>de</strong>smandos <strong>de</strong> um<br />

governo ditatorial.<br />

Po<strong>de</strong>ria parecer loucura, criar um jornal <strong>de</strong> humor, logo após o AI-5, <strong>de</strong>creto que<br />

limitava a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão no país. Porém, o tabloi<strong>de</strong> conseguiu, com<br />

inteligência e sutileza, ser o emissor <strong>de</strong> tantas informações sobre o país, através do<br />

humor.<br />

Jaguar no documentário O <strong>Pasquim</strong>, a revolução pelo cartum (1999), conta que<br />

foi no bar Janga<strong>de</strong>iros, em Ipanema, que ele e Tarso <strong>de</strong> Castro reuniram-se para discutir<br />

a abertura <strong>de</strong> um novo jornal. Este mesmo bar, além <strong>de</strong> outros do mesmo ambiente<br />

carioca, tornou-se ponto <strong>de</strong> encontro intelectuais, ligados à vida boêmia, bebida<br />

alcoólica, bares e madrugadas. Os principais frequentadores eram artistas, jornalistas,<br />

escritores, enfim, pessoas vinculadas ao campo <strong>de</strong> produção cultural e alternativa da<br />

época. Segundo Flores,<br />

Para os lados do Leblon e Ipanema, tanto as esquerdas quanto as direitas<br />

estariam tão próximas <strong>nos</strong> botecos, na praia, nas redações que a situação<br />

parecia estimular um paradoxo. [...] Tanto o humor reacionário quanto o<br />

humor pasquiniano [saíram] dos redutos elitizados da zona sul carioca e, não<br />

raras às vezes, se [cruzaram] <strong>nos</strong> calçadões das praias, nas redações dos<br />

jornais e <strong>nos</strong> botequins do Rio <strong>de</strong> Janeiro, ainda capital cultural e i<strong>de</strong>ológica<br />

da República. (FLORES, 2002, p. 170-171).<br />

Desse modo, o <strong>Pasquim</strong> chega às bancas com uma forma simples: humor, ironia<br />

e entrevistas que formava a principal característica do semanário. Contava com<br />

ilustrações, textos curtos e frases que tinham vários sentidos com uma espécie <strong>de</strong> código<br />

secreto que os editores usavam com os leitores. Na primeira edição do tabloi<strong>de</strong>, em um<br />

texto satírico, editado no alto da primeira página, a equipe expunha o seu i<strong>de</strong>al:<br />

55<br />

O <strong>Pasquim</strong> surge com duas vantagens: é um semanário com autocrítica,<br />

planejado e executado só por jornalistas que se consi<strong>de</strong>ram geniais e que,<br />

como os do<strong>nos</strong> dos jornais não conhecessem tal fato em termos financeiros,<br />

resolveram ser empresários. É também um semanário <strong>de</strong>finido, a favor dos<br />

leitores e anunciantes, embora não seja tão radical quanto o antigo PSD. Até<br />

agora o <strong>Pasquim</strong> vai muito bem, pois conseguimos um prazo <strong>de</strong> 30 dias para<br />

pagar as faturas. Este primeiro número é <strong>de</strong>dicado à memória do <strong>nos</strong>so

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