O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
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As TCDPs, por sua vez, eram compostas por duas seções (secretaria e<br />
arquivo), restringiam-se a cumprir instruções superiores, fiscalizar casas <strong>de</strong><br />
espetáculos, estabelecimentos públicos, estações <strong>de</strong> rádio e emissoras <strong>de</strong><br />
televisão, aplicar penas pecuniárias, além <strong>de</strong> elaborar relatórios <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s.<br />
(GARCIA, 2009, p. 23).<br />
Durante o governo do presi<strong>de</strong>nte Jânio Quadros, em maio <strong>de</strong> 1961, foi<br />
concedido aos Estados o direito <strong>de</strong> exercer a censura. Isso ao mesmo tempo em que a<br />
legislação que, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1946, dava à Polícia Fe<strong>de</strong>ral a responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar a<br />
censura prévia a, peças teatrais, discos, filmes, apresentações <strong>de</strong> grupo s musicais,<br />
cartazes e espetáculos públicos em geral. Já em abril <strong>de</strong> 1965 foi inaugurado um prédio<br />
para ser se<strong>de</strong> do Departamento Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Segurança Pública, on<strong>de</strong> atuaria o Serviço <strong>de</strong><br />
Censura e Diversões Públicas - SCDP, em Brasília. Essa concretização indica o anseio<br />
do governo fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> centralizar as ativida<strong>de</strong>s censórias, como explica Stephanou<br />
“Legalmente, a censura era jurisdição do Departamento <strong>de</strong> Polícia Fe<strong>de</strong>ral; na prática,<br />
todos os órgãos militares <strong>de</strong> segurança se achavam no direito <strong>de</strong> proibir”. O autor<br />
salienta que a hierarquia <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res não era bem organizada nesse <strong>de</strong>partamento, pois<br />
“diferentes autorida<strong>de</strong>s, dos mais altos postos ao simples funcionário público, buscavam<br />
vetar produções culturais ou artísticas” (STEPHANOU, 2001, p. 293).<br />
Em 1967, ano que antecedia o AI-5, a Constituição oficializou a centralização da<br />
censura como ativida<strong>de</strong> do Governo Fe<strong>de</strong>ral, em Brasília. Quando o AI-5 foi <strong>de</strong>cretado,<br />
as ações <strong>de</strong> censura já se encontravam centralizadas no Governo Fe<strong>de</strong>ral.<br />
De acordo com Ventura (1988, p. 155), antes do AI-5, duas gran<strong>de</strong>s<br />
manifestações públicas contra as arbitrarieda<strong>de</strong>s do Regime Militar ocorreram no Rio <strong>de</strong><br />
Janeiro: a manifestação “Cultura contra Censura”, em fevereiro <strong>de</strong> 1968 que reuniu<br />
membros da classe teatral para manifestarem sua repulsa contra a interdição <strong>de</strong> oito<br />
peças teatrais e, alguns meses mais tar<strong>de</strong>, aquela que ficou conhecida como “A Passeata<br />
dos Cem Mil”, que ocorreu em 26 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1968.<br />
Dia 13 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1968, o presi<strong>de</strong>nte Costa e Silva, alegando que em nome<br />
da “autêntica or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>mocrática, baseada na liberda<strong>de</strong>, no respeito à dignida<strong>de</strong> da<br />
pessoa humana, no combate à subversão e às i<strong>de</strong>ologias contrárias às tradições <strong>de</strong> <strong>nos</strong>so<br />
povo”, concretiza o AI-5. Tal ato dá ple<strong>nos</strong> po<strong>de</strong>res aos militares, que a partir <strong>de</strong>sse<br />
momento po<strong>de</strong>m cassar mandatos, suspen<strong>de</strong>r direitos políticos e garantias individuais,<br />
além <strong>de</strong> criar condições para a censura à divulgação da informação, manifestação <strong>de</strong><br />
opiniões e produções culturais e artísticas. A partir <strong>de</strong>sse momento, se dá início aos