O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
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Segundo Garcia entre os a<strong>nos</strong> <strong>de</strong> 1964 e 1965, várias medidas foram tomadas<br />
para sistematizar o trabalho da mesma, entre as quais ele cita:<br />
32<br />
1) a convocação <strong>de</strong> servidores para avaliar as normas da censura; 2) a<br />
a<strong>de</strong>quação da estrutura ao regulamento policial; 3) a constituição <strong>de</strong><br />
grupos para analisar roteiros <strong>de</strong> filmes, programas <strong>de</strong> televisão e scripts<br />
<strong>de</strong> peças; 4) a criação <strong>de</strong> uma comissão que visava discutir questões<br />
polêmicas e examinar a legislação; e 5) a instituição <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong><br />
trabalho responsável por uniformizar os critérios da censura e assessorar<br />
as <strong>de</strong>legacias regionais no exercício da censura dos filmes que não<br />
ultrapassassem os limites dos estados (GARCIA, 2009, p. 23).<br />
É possível perceber que a censura não afetou apenas o jornalismo, mas todo<br />
sistema informativo, sendo severa e não se importando com as consequências, ela cala a<br />
voz <strong>de</strong> um país, causando medo, mas também revolta.<br />
Na opinião <strong>de</strong> Fico (2002), a censura não se remete apenas ao período ditatorial,<br />
e sim, percorre por diversos períodos da história do Brasil.<br />
A lembrança da censura sempre permanece associada ao último período no<br />
qual ela existiu, sendo compreensível, portanto, que, na imprensa e entre os<br />
mais jovens, a menção ao assunto remeta imediatamente ao regime militar.<br />
Porém, como é sabido, a censura sempre esteve ativa no Brasil, e formas<br />
diferenciadas <strong>de</strong>la persistem mesmo hoje, quando está formalmente abolida.<br />
(FICO, 2002, p. 253).<br />
A censura na imprensa foi o principal alvo após o AI-5. Fico ainda comenta que<br />
a “censura da imprensa sistematizou-se, tornou-se rotineira e passou a obe<strong>de</strong>cer a<br />
instruções especificamente emanadas dos altos escalões do po<strong>de</strong>r” (2002, p. 253). O<br />
autor explica a chamada Operação Limpeza, que tinha por função, censurar tudo aquilo<br />
que atrapalhava a or<strong>de</strong>m do país.<br />
A história do período também po<strong>de</strong> ser lida como a da trajetória do grupo<br />
mais radical entre os militares que tomaram o po<strong>de</strong>r, conhecido como “linha<br />
dura”. De fato, ainda em 1964, com a implantação da “Operação Limpeza”<br />
(prisões, cassações <strong>de</strong> mandatos e suspensões <strong>de</strong> direitos políticos dos<br />
inimigos), um grupo <strong>de</strong> oficiais-superiores foi <strong>de</strong>signado para presidir os<br />
inquéritos policiais militares (IPM) que conduziam às punições mencionadas.<br />
A idéia (que talvez possa ser chamada <strong>de</strong> “utopia autoritária”) era eliminar<br />
todo aquele que dissentisse das ban<strong>de</strong>iras da “Revolução”: combate ao<br />
comunismo, à corrupção e outras diretrizes da retórica política radical <strong>de</strong><br />
direita que, naquele momento, tinha a inspirá-la políticos como Carlos<br />
Lacerda. (FICO, 2002, p. 254).<br />
Carlos Lacerda foi político e jornalista, membro da União Democrática Nacional<br />
(UDN), vereador, <strong>de</strong>putado estadual e governador do estado da Guanabara. Como