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O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

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Sérgio Porto, que hoje <strong>de</strong>veria estar aqui co<strong>nos</strong>co. (O <strong>Pasquim</strong>, 1ª edição em<br />

26 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> <strong>1969</strong>).<br />

Na última página, aparecia o expediente: Tarso <strong>de</strong> Castro (editor), Sérgio<br />

Jaguaribe (editor <strong>de</strong> humor), Sérgio Cabral (editor <strong>de</strong> texto), Carlos Prósperi (editor<br />

gráfico), Claudius Ceccon e Murilo Pereira Reis (diretor-responsável).<br />

O único jornal da imprensa alternativa que conseguiu, durante a Ditadura<br />

Militar, passar pelos diferentes momentos e formas <strong>de</strong> censura foi o <strong>Pasquim</strong>. Baseado<br />

em um discurso humorístico e subjetivo, o semanário ocupou um espaço <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

acordo com o período e com seu ambiente cultural, tornando-se o porta-voz <strong>de</strong> uma<br />

geração que o moldou, o alimentou e o fortaleceu. Suas 300 primeiras edições,<br />

publicadas entre <strong>1969</strong> e 1975, tornam-se fonte e objeto <strong>de</strong> pesquisa, mostrando os<br />

elementos <strong>de</strong> contestação dos novos grupos culturais daquele momento e as formas <strong>de</strong><br />

repressão em relação ao jornal e aos seus redatores, além <strong>de</strong>, principalmente, comprovar<br />

que o jornal só sobreviveu porque fazia parte <strong>de</strong> um grupo cultural forte e engajado,<br />

disposto a ajudar em sua produção, e porque contava com uma linguagem baseada no<br />

humor.<br />

Para Chinem (1995), “não há jornal brasileiro importante que não tenha sido<br />

influenciado pelo idioma do <strong>Pasquim</strong>, direta ou indiretamente” (CHINEM, 1995, p. 45).<br />

O <strong>Pasquim</strong> conseguiu transpor, <strong>de</strong> forma ímpar, os limites <strong>de</strong> duração e <strong>de</strong><br />

alcance da imprensa alternativa, estabelecendo a linguagem do humor como um<br />

elemento importante nas manifestações <strong>de</strong> oposição durante a Ditadura Militar brasileira<br />

O semanário conquistou uma tiragem <strong>de</strong> 80 mil exemplares já na edição <strong>de</strong><br />

número 16 e chegou a imprimir, em <strong>de</strong>zembro do mesmo ano <strong>de</strong> seu lançamento, 250<br />

mil exemplares semanais, além <strong>de</strong> ter recebido anúncios <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s multinacionais,<br />

como a Shell. O tabloi<strong>de</strong> chegou a ven<strong>de</strong>r mais do que a famosa revista Veja e também<br />

a Manchete, ainda <strong>nos</strong> primeiros a<strong>nos</strong> <strong>de</strong> lançamento.<br />

Segundo Jaguar conta no documentário O <strong>Pasquim</strong>, a subversão do humor <strong>de</strong><br />

1999, no início da trajetória do jornal, a própria equipe acreditava que o semanário seria<br />

um fracasso e seria apenas um jornal comportamental e humorístico (que falava sobre<br />

sexo, drogas, entre outros assuntos), porém aos poucos foi se tornando politizado e<br />

opositor da Ditadura que assolava o país.<br />

Porém, ao contrário do que pensavam, o <strong>Pasquim</strong> carioca passou a ser o porta<br />

voz da indignação social brasileira sendo uma dos principais jornais <strong>de</strong> resistência à<br />

Ditadura Militar, que através da linguagem do humor contestou e protestou junto com<br />

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