O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
epresentado nessas charges. A investigação da pesquisa <strong>de</strong> Sanchotene (2008) abrange<br />
a análise do funcionamento da charge na televisão, no telejornal e as estratégias<br />
humorísticas nelas apresentadas.<br />
Ele analisa imagens mais recentes na <strong>nos</strong>sa memória, imagens que foram<br />
publicadas no ano <strong>de</strong> 2008. Na <strong>nos</strong>sa pesquisa, o enfoque é outro, pois analisamos o<br />
funcionamento discursivo das charges no meio impresso, através <strong>de</strong> imagens que já<br />
foram publicadas há 50 a<strong>nos</strong>, porém, os dois enfoques buscam analisar as charges<br />
enquanto linguagem <strong>de</strong> comunicação através do humor e a contribuição das mesmas<br />
para o jornalismo nesse sentido. Na pesquisa <strong>de</strong> Sanchotene (2008), os resultados<br />
envolvem o fato <strong>de</strong> o som, que as charges reproduzem na televisão, ajuda na<br />
compreensão do seu discurso, auxiliando o expectador a compreen<strong>de</strong>r o que está sendo<br />
dito. o autor também concluiu que a opinião do autor da charge está implícita, assim<br />
como a opinião da i<strong>de</strong>ologia do programa, pois, caso contrário, a mesma não seria<br />
veiculada. A charge é tratada, na pesquisa <strong>de</strong> Sanchotene, como um meio mais suave <strong>de</strong><br />
abordar a opinião política na televisão, usando o humor como estratégia.<br />
Retomando o contexto da pesquisa, todas essas transformações que ocorreram<br />
no jornalismo dos a<strong>nos</strong> <strong>de</strong> <strong>chumbo</strong>, marcaram diversas mudanças no modo <strong>de</strong> informar,<br />
assim como na rotina jornalística dos meios <strong>de</strong> comunicação. Com essa intensa censura<br />
prévia, matérias foram vetadas e edições chegaram a ser recolhidas, resultando em um<br />
gran<strong>de</strong> no prejuízo financeiro <strong>de</strong> produção dos jornais. Se esten<strong>de</strong>ndo até à imprensa,<br />
música, teatro e cinema, a censura atuou rigidamente a partir <strong>de</strong> 1970, na apreensão <strong>de</strong><br />
mais <strong>de</strong> 500 filmes, 400 peças teatrais, 200 livros e centenas <strong>de</strong> músicas. A liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
expressão, assim como a criativida<strong>de</strong> dos jovens do país, se viam castradas.<br />
Todas as investigações aos oposicionistas ao Regime que ocorreram nesse<br />
período eram feitas pela Delegacia <strong>de</strong> Or<strong>de</strong>m Política e Social (DOPS), a qual tinha<br />
como finalida<strong>de</strong> investigar os atos tidos como suspeitos e <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>stes po<strong>de</strong>ria estar<br />
intelectuais, jornalistas, artistas, políticos, professores, ou seja, todos que estivessem<br />
relacionados a movimentos sociais. Os DOPS foram orgãos criados junto à estrutura das<br />
secretarias estaduais <strong>de</strong> segurança pública <strong>de</strong> alguns estados brasileiros. A atribuição<br />
principal dos DOPS era o papel <strong>de</strong> polícia política, uma modalida<strong>de</strong> especial <strong>de</strong> polícia, que<br />
<strong>de</strong>sempenha uma função preventiva e repressiva, “criada para entrever e coibir ativida<strong>de</strong>s<br />
que colocassem em risco a or<strong>de</strong>m e a segurança pública” (XAVIER, 1996, p. 32). Esta<br />
atribuição extraoficial estava ligada à necessida<strong>de</strong> dos gover<strong>nos</strong> quando <strong>de</strong>cidissem vigiar e<br />
22