O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
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Voltando à análise da charge E, observa-se que o balão na cabeça do mascote,<br />
representa que ele está perdido diante <strong>de</strong> tantos colaboradores, ou seja, o <strong>Pasquim</strong> foi<br />
surpreendido por uma gran<strong>de</strong> procura <strong>de</strong> pessoas interessadas em ajudar, colaborar,<br />
tanto moralmente quanto editorialmente na produção do semanário no momento <strong>de</strong><br />
ausência <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte da sua equipe. O <strong>Pasquim</strong> se referiu ao episódio da prisão<br />
como um “surte <strong>de</strong> gripe” que numa “reação em ca<strong>de</strong>ia assolou a equipe do jornal”.<br />
(BRAGA, 1991, p. 37).<br />
É visível que a capa conseguiu dizer em sua mensagem que o jornal estava<br />
passando por um momento especial, e que os nomes <strong>de</strong> tantos colaboradores estavam ali<br />
por algum motivo especial também. Os leitores já tinham compreendido, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a edição<br />
72, que o semanário estava passando por dificulda<strong>de</strong>s, e a sequência das imagens <strong>de</strong>sta<br />
análise <strong>nos</strong> apresenta os acontecimentos mais marcantes da trajetória do tablói<strong>de</strong>. No<br />
meio <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1970, apesar das colaborações dos intelectuais, jornalistas,<br />
cantores e <strong>de</strong>mais influências da cultura do país, o jornal pára <strong>de</strong> funcionar durante duas<br />
semanas, voltando em 30 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro, com o número 78 com a frase editorial: estamos<br />
aqui, ó!<br />
Dando continuida<strong>de</strong> ao contexto da imagem, ao perceber que a censura estava<br />
alimentando O <strong>Pasquim</strong>, o Regime <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> liberar e equipe <strong>de</strong> redatores da prisão.<br />
Em janeiro <strong>de</strong> <strong>1971</strong>, parte da equipe do jornal sai da prisão, mas a fantasia do<br />
milagre começa a se <strong>de</strong>sfazer, já que os índices <strong>de</strong> inflação aumentaram e o próprio<br />
jornal ficou cheio <strong>de</strong> dívidas e conflitos entre seus integrantes. A próxima charge a ser<br />
analisada aponta exatamente essa turbulência na vida dos pasquinia<strong>nos</strong>.