O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
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A charge, objeto <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong>sta monografia, tem como principal característica,<br />
compreen<strong>de</strong>r a mescla das linguagens verbais e não verbais. Desse modo, essa<br />
construção híbrida aponta que a charge tem uma dupla dimensão: a explícita e a<br />
implícita. Combinando elementos <strong>de</strong> cunho explícito e implícito, segundo Vedovatto<br />
(2000, p. 64), a configuração estratégica <strong>de</strong>corre da instância responsável pelo que é<br />
dito (enunciado) com aquela responsável pelos modos <strong>de</strong> dizer (enunciação).<br />
Para Machado (2006), o discurso em si, não existe por si mesmo, ele só existe<br />
em um espaço entre sujeitos. Ou seja, “se o discurso <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos sujeitos para existir,<br />
isso significa que é produzido por esses sujeitos, não apenas pelo autor da fala ou<br />
enunciador, mas também pelo sujeito que lê o discurso” (MACHADO, 2006, p. 3).<br />
Mattos e Teodoro (2006, p. 3) discorrem sobre a função das charges, no qual<br />
afirmam que “as charges têm o objetivo <strong>de</strong> persuadir, influenciar i<strong>de</strong>ologicamente o<br />
imaginário do interlocutor. Assim, elas se mostram como um po<strong>de</strong>roso instrumento <strong>de</strong><br />
crítica”. Diante <strong>de</strong>ssas características, as autoras afirmam que uma é a mais marcante:<br />
“o aspecto irônico e <strong>de</strong>nunciador que tem a charge”. Desse modo, as autoras<br />
complementam se apoiando em Castro (2005) que diz que:<br />
a ironia é um caso típico <strong>de</strong> discurso bivocal. Nela a palavra tem<br />
duplo sentido: volta-se para o objeto do discurso como palavra comum e para<br />
um outro discurso”. Essa <strong>de</strong>finição po<strong>de</strong> ser mais completa se acrescentarmos<br />
que ironia é a afirmação <strong>de</strong> algo diferente do que se <strong>de</strong>seja comunicar,<br />
geralmente contrário, na qual o emissor <strong>de</strong>ixa transparecer a contrarieda<strong>de</strong><br />
por meio do contexto, do discurso ou da entonação. A função da ironia,<br />
geralmente, é criticar, impressionar e provocar humor. (CASTRO, 2005, p.<br />
120)<br />
Entre tantos conceitos <strong>de</strong> humor, duplo sentido, ironia, comicida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>mais<br />
teses que <strong>nos</strong> apoiamos para construir esta pesquisa, com esses e outros pressupostos,<br />
vamos dar continuida<strong>de</strong> ao <strong>nos</strong>so intuito neste capítulo, a análise das charges<br />
escolhidas. Ressaltamos que esses conceitos serão vislumbrados adiante.<br />
Para fazermos a análise <strong>de</strong>ssas charges, vamos assim, englobar diversos<br />
conceitos para assim, entendê-las melhor. Ao falarmos <strong>de</strong> interpretação das frases<br />
contidas em charges, por exemplo, po<strong>de</strong>mos contextualizar o enunciado. Caracterizado<br />
como a manifestação das frases, a enunciação se dá através <strong>de</strong> frases, sendo estas,<br />
caracterizadas como partes da língua, portanto o enunciado po<strong>de</strong> ser caracterizado como<br />
uma realida<strong>de</strong> empírica. De acordo com Vedovatto (2000), o enunciado é “um<br />
fragmento do discurso, uma manifestação particular”.<br />
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