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O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

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Fernan<strong>de</strong>s, no Méier. Entretanto, Queiroz enfatiza que “na maioria das vezes davam<br />

<strong>de</strong>staque aos bares da Zona Sul, como o Janga<strong>de</strong>iros e o Zeppelin. Além disso,<br />

enfatizavam que, <strong>de</strong> Ipanema, lançavam moda e regras para outras regiões do país”.<br />

Assim, os convencidos da patota, acreditavam que o bairro <strong>de</strong> Ipanema transmitia<br />

hábitos e costumes, os quais eram divididos não só pela socieda<strong>de</strong> carioca, como<br />

também pelo restante do país. A autora explica:<br />

58<br />

A polêmica foi instaurada quando os pasquinia<strong>nos</strong> criticaram abertamente<br />

diversas cida<strong>de</strong>s. Mesmo abrindo espaço para a réplica <strong>de</strong> outros jornalistas<br />

no semanário, prevalecia a opinião <strong>de</strong> seus colaboradores no final do<br />

confronto, pois quando achavam que o assunto já estava esgotado,<br />

encerravam a discussão. O autoritarismo também po<strong>de</strong> ser observado em suas<br />

entrevistas. Quando não concordavam com alguma opinião do entrevistado,<br />

mudavam a pergunta ou acabavam com a entrevista. (QUEIROZ, 2008, p.<br />

224).<br />

Entre os temas abordados, a sátira à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo esteve presente em<br />

diversas edições. O contraponto era feito através da consagração do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Com o intuito <strong>de</strong> acabar a discussão entre cariocas e paulistas, que durou cerca <strong>de</strong> cinco<br />

edições do jornal, Millôr Fernan<strong>de</strong>s escreveu duas crônicas, ambas com o mesmo título:<br />

“Parem com isso, meni<strong>nos</strong>!”. O seu ponto <strong>de</strong> vista, entretanto, não era a <strong>de</strong> acalmar os<br />

ânimos e, sim, promover uma reação autoritária para que o ponto final fosse dado por<br />

eles (<strong>de</strong> São Paulo). A primeira crônica terminava com a seguinte reflexão:<br />

Também é um hábito antigo do paulista se queixar do clima do Rio. E, no<br />

entanto, este se equilibra admiravelmente entre dias infernalmente quentes e<br />

dias <strong>de</strong> calor insuportável. Nem todo mundo po<strong>de</strong> ter aquele clima admirável<br />

<strong>de</strong> São Paulo, que vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> dias <strong>de</strong> garoa nojenta até noites <strong>de</strong> umida<strong>de</strong><br />

doentia. (O <strong>Pasquim</strong> - nº 14, <strong>1969</strong>, p.: 4-5).<br />

Além <strong>de</strong>sse capacida<strong>de</strong>, que provinha <strong>de</strong> uma equipe extremamente talentosa e<br />

criativa, o tablói<strong>de</strong> conseguiu modificar a linguagem jornalística usada até então,<br />

reproduzindo a linguagem escrita da oral, e isso acabou por influenciar a propaganda,<br />

como também transformou a linguagem coloquial. O <strong>Pasquim</strong> fez uso <strong>de</strong> palavrões, que<br />

ficavam disfarçados através <strong>de</strong> neologismos, que daí em diante po<strong>de</strong>riam ser falados,<br />

publicados e (re) interpretados.<br />

Henfil, integrante da patota, <strong>de</strong>stacou o valor das transformações <strong>de</strong> linguagem,<br />

<strong>de</strong> estilo e <strong>de</strong> conteúdo que o semanário introduziu na cena jornalística. "O <strong>Pasquim</strong> foi<br />

a Lei Áurea da imprensa", avaliaria em <strong>de</strong>poimento a Jorge Ferreira (julho <strong>de</strong> 1976). O

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