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O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

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enunciação para enten<strong>de</strong>r melhor o modo <strong>de</strong> dizer <strong>de</strong>ssas mensagens. Para Benveniste<br />

(1970), o termo enunciação envolve diversos aspectos, como a relação do locutor com a<br />

língua <strong>de</strong>terminada, que <strong>de</strong> acordo com a autora, <strong>de</strong>termina os caracteres linguísticos da<br />

enunciação. “O ato individual pelo qual se utiliza a língua introduz em primeiro lugar o<br />

locutor como parâmetro nas condições necessárias da enunciação” (BENVENISTE,<br />

1970, p. 83). O autor ainda elenca alguns conceitos sobre o termo.<br />

96<br />

Antes da enunciação, a língua não é senão possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> língua. Depois da<br />

enunciação, a língua é efetuada uma instância <strong>de</strong> discurso, que emana <strong>de</strong> um<br />

locutor, forma sonora que atinge um ouvinte e que suscita uma outra<br />

enunciação <strong>de</strong> retorno. Enquanto realização individual, a enunciação po<strong>de</strong> se<br />

<strong>de</strong>finir, em relação a língua, como um processo <strong>de</strong> apropriação. O locutor se<br />

apropria do aparelho formal da língua e enuncia sua posição <strong>de</strong> locutor por<br />

meio <strong>de</strong> índices específicos, <strong>de</strong> um lado e por meio <strong>de</strong> procedimentos<br />

acessórios, <strong>de</strong> outro. Por fim, na enunciação, a língua se acha empregada para<br />

a expressão <strong>de</strong> uma certa relação com o mundo. A condição mesma <strong>de</strong>ssa<br />

mobilização e <strong>de</strong>ssa apropriação da língua é, para o outro, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

co-referir i<strong>de</strong>nticamente, no consenso pragmático que faz <strong>de</strong> cada locutor um<br />

co-locutor. A referência é parte integrante da enunciação. Seria preciso<br />

também distinguir a enunciação falada da enunciação escrita. Esta se situa em<br />

dois pla<strong>nos</strong>: o que escreve se enuncia ao escrever e, no interior <strong>de</strong> sua escrita,<br />

ele faz os indivíduos se enunciarem. (BENVENISTE, 1970: 82-90).<br />

Já para os autores do livro Dicionário <strong>de</strong> Linguística, Dubois, Giacomo,<br />

Guespin, Marcelessi e Mevel (1973, p. 218), enunciação “é o ato individual <strong>de</strong><br />

utilização da língua, enquanto enunciado é o resultado <strong>de</strong>sse ato, é o ato <strong>de</strong> criação do<br />

falante”. Desse modo, os autores enfatizam que, “a enunciação é constituída pelo<br />

conjunto dos fatores e dos atos que provocam a produção <strong>de</strong> um enunciado”.<br />

Assim, a partir dos conceitos estudados acima, constituímos um melhor<br />

entendimento <strong>de</strong> algumas ferramentas sobre a metodologia usada nesta monografia.<br />

O espírito <strong>de</strong>ste capítulo que segue, é justamente aprofundar <strong>nos</strong>sos<br />

conhecimentos sobre charge e o po<strong>de</strong>r que o humor como linguagem tem para a<br />

construção da mesma. Assim, vamos analisar seis imagens a partir <strong>de</strong> suas<br />

particularida<strong>de</strong>s, seus <strong>de</strong>talhes e suas ambiguida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ntro do discurso jornalístico<br />

aplicado no contexto histórico e social em questão. Para aplicarmos essas estratégias<br />

discursivas, iniciamos a análise das charges com a charge A, <strong>de</strong> acordo com explicação<br />

feita no capítulo anterior, no qual iniciamos pela charge <strong>de</strong> Millôr Fernan<strong>de</strong>s.

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