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O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

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alvo principal do governo, que foi representado pelos tiros na imagem. Após episódio<br />

da prisão, o Regime ficaria alerta e <strong>de</strong> olho na patota. Quanto a frase Tarso à solta, o<br />

<strong>Pasquim</strong> anuncia que o último integrante da equipe saiu da prisão, porém, atrás <strong>de</strong>ssa<br />

mensagem há um <strong>de</strong>sentendimento da equipe com Tarso <strong>de</strong> Castro.<br />

113<br />

Baseado em jornais e livros sobre o tabloi<strong>de</strong>, como a Antologia do <strong>Pasquim</strong>, vol.<br />

I, II e III, Tarso <strong>de</strong> Castro, ao sair da prisão e voltar ao jornal, percebeu que o mesmo<br />

sofria com as dívidas e os problemas <strong>de</strong> atraso nas produções, assim como o fechamento<br />

do jornal ocorrido durante duas semanas no mês <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1970. A vendagem do<br />

<strong>Pasquim</strong>, durante o período da prisão passou <strong>de</strong> 160 mil exemplares para apenas 60 mil.<br />

Os anunciantes se retraíram, e muitos <strong>de</strong>ixaram <strong>de</strong> anunciar sua marca no tabloi<strong>de</strong> e a<br />

economia está largamente nas mãos do governo nesse período. Com esses fatores, Tarso<br />

<strong>de</strong>ci<strong>de</strong> abandonar os companheiros e <strong>de</strong>ixa o jornal <strong>de</strong>finitivamente. Ziraldo diz<br />

(Folhetim, 1979): O Tarso é um homem <strong>de</strong> festa. Na hora que o negócio fica preto ele<br />

pula fora. Foi o que aconteceu. Ele viu que tinha que enfrentar uma pedreira <strong>de</strong> dois<br />

a<strong>nos</strong> <strong>de</strong> trabalho e sem festa... se picou”. (BRAGA, 1991, p. 39).<br />

Após a saída da prisão e a briga com Tarso <strong>de</strong> Castro, o semanário teve que<br />

enfrentar suas dívidas, assim como a bagunça em que a redação do jornal se encontrava<br />

após os longos dois meses atrás das gra<strong>de</strong>s. Além disso, a equipe se encontrava em uma<br />

incerteza, sem saber o que fazer a partir <strong>de</strong>sse episódio.<br />

Com a saída <strong>de</strong> Tarso, a direção do <strong>Pasquim</strong> ficou com Sérgio Cabral, que<br />

permaneceu no cargo até o fim do ano <strong>de</strong> <strong>1971</strong>. No início <strong>de</strong> 1972, Jaguar assume as<br />

ré<strong>de</strong>as do semanário, após Sérgio Cabral abandonar o grupo e ir trabalhar na editora<br />

Abril, em São Paulo. Ziraldo e Henfil ganham os cargos <strong>de</strong> vice presi<strong>de</strong>ntes da empresa.<br />

No <strong>de</strong>correr dos próximos a<strong>nos</strong>, outras mudanças ocorrem entre os cargos e os<br />

companheiros trocam <strong>de</strong> comandos frequentemente.<br />

Porém, apesar <strong>de</strong> todo o episódio da prisão e a queda das vendas, o <strong>Pasquim</strong><br />

mantinha uma relação muito forte com seu público. O número 100, que trouxe uma<br />

entrevista com a atriz Dercy Gonçalves, atingiu 100 mil exemplares vendidos.<br />

Quanto ao conteúdo do tabloi<strong>de</strong> durante esses períodos <strong>de</strong> turbulência emocional<br />

e econômica, com a prisão e a certeza <strong>de</strong> que não se <strong>de</strong>veria mais brincar com o<br />

governo, o jornal não <strong>de</strong>ixou <strong>de</strong> transpor sua essência e nem <strong>de</strong> inundar os leitores com<br />

sua criativida<strong>de</strong>. Pelo contrário, a imaginação dos colaboradores no período da prisão,<br />

por exemplo, que <strong>de</strong> forma intensa, tentaram driblar a censura, sugerir, implicitar,<br />

subenten<strong>de</strong>r. A trajetória do <strong>Pasquim</strong> durante os a<strong>nos</strong> 70 praticamente foi toda assim,

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