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O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

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5.3.2 A GRANDE SACADA<br />

Antes <strong>de</strong> começar a análise, façamos alguns esclarecimentos sobre alguns<br />

procedimentos metodológicos que envolvem a leitura das charges. Lembro ao leitor que<br />

a metodologia sobre a qual esta monografia é constituída repousa em inspirações<br />

qualitativas, isto é, reúnem duas orientações, além do recurso obrigatório a<br />

documentação, á história, os arquivos, etc. As duas orientações as quais eu me reporto,<br />

envolvem a importância que tem para esta pesquisa o “estudo <strong>de</strong> caso” e a “análise <strong>de</strong><br />

discurso”. Ou seja, uma vez que o meu objeto esta centrado em uma pesquisa sobre o<br />

<strong>Pasquim</strong> e, particularmente, em uma <strong>de</strong> suas fases, significa dizer que estou trabalhando<br />

com questões relativas a um estudo <strong>de</strong> caso, compreen<strong>de</strong>ndo por este conceito a<br />

seguinte noção.<br />

É um método <strong>de</strong> pesquisa que se concentra em um único caso, e não um<br />

censo <strong>de</strong> população ou numa amostra representativa. Este estudo é útil <strong>nos</strong><br />

primeiros estágios <strong>de</strong> uma pesquisa, quando o objetivo consiste em explorar<br />

i<strong>de</strong>ias, submeter a teste e aperfeiçoar instrumentos <strong>de</strong> medição e<br />

qualificações observacionais, e preparar um estudo com base mais ampla.<br />

(JOHNSON, 1995, p. 32).<br />

Tratando-se <strong>de</strong> uma monografia <strong>de</strong> final <strong>de</strong> graduação, não po<strong>de</strong>ria estudar o<br />

<strong>Pasquim</strong> em sua abrangência, o que envolveria muitos aspectos, histórico, político,<br />

ético, organizacional, etc. Em função <strong>de</strong>sta ampla possibilida<strong>de</strong>, elegemos um aspecto<br />

<strong>de</strong>sse caso, o estudo das charges e para tal fim teria que fazer também uma escolha <strong>de</strong><br />

uma técnica para examiná-las. Neste caso optei também por um certo tipo <strong>de</strong> análise <strong>de</strong><br />

discurso. Ou seja, <strong>de</strong>scrição das características em termos <strong>de</strong> linguagem, <strong>de</strong> um certo<br />

“corpus” <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada forma <strong>de</strong> discurso jornalístico. Não se trata <strong>de</strong> uma<br />

análise <strong>de</strong> discurso rigidamente aplicando princípios linguísticos e gramaticais, mas <strong>de</strong><br />

uma tentativa <strong>de</strong> interpretação que extraísse dos materiais das charges aqueles<br />

elementos <strong>de</strong> linguagens em torno das quais se manifestaria uma certa produção <strong>de</strong><br />

sentidos. Trata-se <strong>de</strong> uma análise que é <strong>de</strong>safiada pela singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado<br />

texto, no caso, o jornalístico, na forma <strong>de</strong> charge. Estou vendo a charge, mas não é em<br />

qualquer lugar, como em uma pare<strong>de</strong>, televisão outdoor, entre outros. Não. Estou vendo<br />

a charge no jornal, e aí se constitui a sua matéria prima.<br />

Desse modo, a ênfase da minha pesquisa é respon<strong>de</strong>r como o <strong>Pasquim</strong> dribla a<br />

censura, através da <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> textos (charges), on<strong>de</strong> o <strong>Pasquim</strong> constrói mensagens<br />

com fim <strong>de</strong> driblar a censura e que são examinadas por mim. Para isso, usaremos a<br />

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