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O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...

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Além <strong>de</strong> Cálice, Apesar <strong>de</strong> você, Acorda amor, Deus lhe pague, Quando o<br />

carnaval chegar, Rosa dos ventos, são outras canções <strong>de</strong> Chico que trazem em suas<br />

letras, versos <strong>de</strong> protesto nas entrelinhas. .<br />

A relação da música Cálice com o capítulo presente visa lembrar a amiza<strong>de</strong> do<br />

compositor Chico Buarque com os jornalistas e cartunistas da equipe. Chico, sempre<br />

ofereceu sua colaboração ao jornal, através <strong>de</strong> artigos, mas também colaborou com o<br />

jornal e ajudou a equipe a passar por um momento difícil, como o episódio da prisão da<br />

patota em <strong>1969</strong>.<br />

Poeta, cantor, compositor (que viria a ser dramaturgo), Chico Buarque <strong>de</strong><br />

Hollanda era filho do sociólogo Sérgio Buarque e da pianista amadora Maria Amélia.<br />

Chico Buarque nasceu e cresceu em um ambiente propício à criação artística, musical e<br />

é visto como um intelectual <strong>de</strong> alma sensível.<br />

Apesar <strong>de</strong> a produção cultural durante a ditadura ter sido influenciada pela<br />

censura, ocorreu a busca por novas linguagens, novas formas <strong>de</strong> criação que envolveram<br />

vários campos, temáticas e estilos. Temas políticos e sociais estiveram presentes em<br />

quase toda produção cultural da época. As produções artísticas, musicais, literárias,<br />

cinema e teatro tentavam buscar diferentes caminhos para a construção <strong>de</strong> uma<br />

socieda<strong>de</strong> mais justa.<br />

Porém, o Golpe Militar, além <strong>de</strong> prejudicar a produção cultural do país,<br />

estimulou outras alterações na configuração da socieda<strong>de</strong> como a mobilização <strong>de</strong><br />

pessoas, maiorias jovens, com i<strong>de</strong>ias novas, com um caráter revolucionário e que se<br />

resistiam ao sistema repressivo, O humor, a subjetivida<strong>de</strong>, a coloquialida<strong>de</strong> e o<br />

constante <strong>de</strong>boche aos costumes do período po<strong>de</strong>riam ser percebidos pelos censores que<br />

lidavam diretamente com os jornalistas, como a arma do crime naquele momento. As<br />

provocações do <strong>Pasquim</strong> não eram nada discretas. Pelo contrário. Estavam espalhadas<br />

por todas as páginas do semanário: nas manchetes, nas frases-editoriais, nas fotos<br />

provocativas, nas ilustrações <strong>de</strong>bochadas e nas constantes referências ao sexo e à<br />

boemia.<br />

Desse modo, os meios visuais e textuais parecem ter funcionado, em alguns<br />

momentos, como uma saída da chamada patota para <strong>de</strong>sviar a censura. Outros veículos<br />

<strong>de</strong> comunicação que circularam durante aquele mesmo momento, também alternativos,<br />

da gran<strong>de</strong> imprensa ou das emissoras públicas, foram mais incisivamente e rapidamente<br />

repreendidos do que o <strong>Pasquim</strong>, consi<strong>de</strong>rado o gran<strong>de</strong> provocador.<br />

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