O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
O Pasquim nos anos de chumbo (1969 – 1971): A CHARGE COMO ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
5.2 A RESISTÊNCIA ATRAVÉS DO HUMOR<br />
Partimos do pressuposto que o humor tratado nessa pesquisa é humor como<br />
forma <strong>de</strong> protesto, como elemento <strong>de</strong> comunicação fundamental no período <strong>de</strong> censura<br />
no país. Esse conceito vem sendo tratado no <strong>de</strong>correr da pesquisa e neste capítulo<br />
damos ao mesmo um enfoque mais específico, <strong>de</strong>stacando o seu modo <strong>de</strong> fazer, ou seja,<br />
como esteve presente na prática do <strong>Pasquim</strong>, enfrentando ou <strong>de</strong>svencilhando-se da<br />
censura que se instaurou no país após o <strong>de</strong>creto do AI-5.<br />
Para apresentarmos tal singularida<strong>de</strong>, lembramos alguns fundamentos sobre o<br />
conceito <strong>de</strong> informação. Segundo Maringoni (1996), a informação por si só não é<br />
totalmente neutra. Ele explica o conceito, alegando que o próprio editor do jornal se<br />
autoposiciona ao escrever a matéria:<br />
Um redator ou um editor, quando escreve uma matéria, já toma diversas<br />
opções subjetivas sobre que aspecto do fato realçar, que ponto reforçar no<br />
título e em que lugar da página colocar a matéria. Estas opções induzem a<br />
uma <strong>de</strong>terminada compreensão do fato narrado. (MARINGONI, 1996, p. 86).<br />
Desse modo, po<strong>de</strong>mos enten<strong>de</strong>r que a informação não é totalmente imparcial.<br />
Assim, no período da Ditadura Militar, esse jornalismo teve que se adaptar às i<strong>de</strong>ias e<br />
i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> uma população que clamava por justiça. O humor entrou nesse processo, como<br />
peça chave, criando um caráter transformador e importante para o jornalismo da época.<br />
Desse modo, a produção das notícias, além do aparecimento dos jornais<br />
alternativos, foi baseada pelos processos <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados a partir da severida<strong>de</strong> da<br />
ditadura e da resistência. Na imprensa, assim como na política, a década <strong>de</strong> 1970 foi<br />
uma época bastante rica, complexa, que <strong>de</strong>finiu os caminhos que o país percorreria no<br />
futuro.<br />
Gentilli (2004) explica que “a imprensa, como uma espécie <strong>de</strong> porta-voz <strong>de</strong> seu<br />
tempo, acompanha as ambivalências do momento”. O autor comenta sobre a<br />
cumplicida<strong>de</strong> do emissor, no caso o <strong>Pasquim</strong>, e o receptor, que seriam os leitores. “Ora<br />
a<strong>de</strong>re ou simplesmente se cala, ora reage, sinalizando para o leitor os acontecimentos, às<br />
vezes buscando sua cumplicida<strong>de</strong>” (GENTILLI, 2004, p. 90-91).<br />
Com os diversos enfoques que o jornalismo alternativo apresentou, abordou<br />
diferentes visões e <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>u diferentes direitos <strong>de</strong>ntro do contexto político dos a<strong>nos</strong> 60<br />
e 70. Pires (2008), em seu artigo Humor, Participação e Engajamento Político na<br />
Imprensa Alternativa <strong>de</strong>bate o humor como forma <strong>de</strong> resistência no período da Ditadura<br />
81