revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

O primeiro professor de Teologia em Salvador, entre 1576
e 1582 foi o padre Miguel Garcia (1550-1614) que se juntara a
Gonçalo Leite, 1º professor de Artes no Brasil, contra a escravidão
existente no próprio colégio da Companhia de Jesus. O
padre Garcia escreveu carta ao Geral Aquaviva, datada de 26
de janeiro de 1583, sobre a liberdade dos índios, de que era
defensor, e se insurgindo contra a multidão de escravos que tinha
a Companhia na Bahia. Tal carta provocou confusão. O
visitador Cristóvão de Gouveia consultou a Mesa de Consciência,
moralistas e dogmáticos no reino e foram todos de parecer
que poderia haver cativeiros justos, razão pela qual Garcia foi
considerado pelo visitador como “mui afligido de escrúpulos” e
reenviado a Portugal no dia 25 de julho de 1583. O padre Gonçalo
Leite teve de voltar à Europa em 1586 pela mesma razão
(HOONAERT, 1974, p. 60 e LEITE, 2004, v. I, p. 296-297).
Em Portugal, os jesuítas eram responsáveis por ensinar
Latim e Filosofia no Colégio de Artes, a escola preparatória
obrigatória para ingresso nas faculdades da Universidade de
Coimbra, e a única outra universidade existente em Portugal, a
de Évora, era uma instituição jesuítica. E ainda, no império ultramarino
de Portugal os jesuítas haviam sido a força dominante
desde os inícios da expansão portuguesa, contando de fato praticamente
com o monopólio do ensino nas províncias ultramarinas
lusitanas. No Brasil, quase toda a educação secundária se
fazia nos colégios jesuítas (MAXWELL, 1996, p. 13)
148 Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 103, p. 123-163, 2008
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