revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

plemento do elemento pictórico (CALDERÓN, 1975). Sua importância
reside nos reflexos que teve para a formação do retábulo
luso. Foi com o gótico, aliás, que a arte da talha de madeira nasceu
em Portugal. A nova talha clássica ingressou em meados do
século XVI, com seu padrão de altar se resumindo em uma composição
de um andar com o remate em arquitrave e edícula, ou
em arco, esse protótipo simples veio a adquirir expressão monumental
posteriormente. Tendo os seus criadores se inspirado nos
moldes da arquitetura maneirista italiana, assimilaram dos tratadistas
italianos e franceses o ornato clássico, observando-se que o estilo
do Renascimento, em sua primeira fase, foi pouco determinante
na arte portuguesa limitando-se às molduras entalhadas em torno
de tábuas pintadas (CALDERÓN, 1975).
Entretanto, uma segunda fórmula surgiu, tendo origem no
mesmo quinhentismo clássico lusitano, e esta se fez assinalar pelo
emprego predominante dos arcos; tendência que resultou em
produzir um modelo de perfil fechado e grande sobriedade,
exemplificado pelo retábulo da capela-mor de Nossa Senhora
do Carmo, em Coimbra, e o da capela-mor da catedral de
Portalegre, realizações de Gaspar Coelho e seus irmãos Bernardo
e Domingos.
A produção dos irmãos Coelho se estendeu de 1582 a
1605. A transformação que impuseram no partido e na organização
do retábulo – dando-lhe nova expressão dinâmica, no
emprego dos arcos repetidos, e um novo ritmo aos elementos
construtivos e compositivos (SMITH, 1962; 39) – trouxe a contribuição
para o florescimento da arte da talha, segundo o reconhecimento
de seus estudiosos, dando o primeiro passo para a
criação de formas portuguesas. Bazin o confirma: “Os retábulos
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