revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

Na historiografia e no pensamento crítico formulado durante
o modernismo europeu, que o redescobriu e o valorizou, o
maneirismo está vinculado à idéia de conhecimento técnico e
estilístico conforme uma interpretação expressa, porém, desde
as “Vidas dos mais excelentes pintores, escultores e arquitetos”,
a ampla obra literária com a qual Giorgio Vasari inaugurou a
historiografia artística, editada pela primeira vez em 1550. Devendo-se
observar, entretanto, que apenas se esboçava então a
noção de estilo, como a temos hoje.
O termo, que foi há muito consagrado, veio a ser assumido
desde o final do século XIX para designar a complexidade das
manifestações que ocorreram nas artes figurativas e na literatura
em seguida ao apogeu do classicismo; estas impulsionaram a
afirmação de uma nova época artística a partir da insatisfação
para com a ordem estética pré-constituída e tida como insuperável
(ARNOLDI, 1992; 65). Considerado como a última das
descobertas no campo da análise estilística e um momento essencial
do pensamento crítico, com ele sintonizaram-se os movimentos
de vanguarda ao questionarem o naturalismo, na época
mencionada (HAUSER, 1964; 5). Coube posteriormente a
autores como Panofsky a confirmação dessa fase maneirística,
caracterizável pelo livre emprego do repertório formal do estilo
clássico (ENC. UNIV. DELL’ARTE, 1963; v. VIII, p. 808).
O maneirismo assume o significado de uma mudança no
direcionamento requerido pela arte renascentista a qual estabelecia
uma relação entre a imitação da natureza e o conhecimento científico
das suas leis. Ao invés, o movimento maneirista abandona esse
aspecto eminentemente especulativo, embora mantivesse vivo o interesse
pelas regras codificadas durante o Renascimento clássico.
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 103, p. 25-51, 2008 27
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