revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

ações à Liberdade; neste é o governo refalsado, opressor, armado
e tirano quem ostenta o seu poder, as suas fofas presunções,
todo o seu orgulho.
O que é que se vê nesse dia? A resposta é a seguinte:
Não são os bravos e heróicos guerreiros de Pirajá os que
passam por baixo do suor do Povo; e nem são os beneméritos
defensores da Independência os que dirigem as coortes, que
simbolizam o Exército Pacificador; muitas vezes é um estúpido
lusitano, um verdugo dos Brasileiros, um traidor jurado de
nossa liberdade, quem, sob aparências de patriotismo e contentamento,
comanda a tropa baiana. Tristíssima condição,
grandíssima vergonha!!!
O que acontece com a tropa, acontece com tudo o mais.
No Templo há precedências de lugares, e todo ele só respira
aristocracia, altivez e tirania, porque o cortejo (se cabe esta
expressão) compõe-se dos funcionários públicos, dos instrumentos
ou dos servos humilíssimos do Poder: o Povo espia e
envergonhado recua.
Se o Povo corre aos teatros, lá vê, em vez de emblemas e
alusões próprias do Dia, lá vê – a efígie do ídolo; lá vê o emblema
da escravidão; e, procurando deparar com o Dia Dois de
Julho, só depara e encontra com – Pedro 2 o !!! Que inversão!
Até a Sociedade Dois de Julho ela nos permita toda a franqueza
e liberdade, até a Sociedade Dois de Julho se tem deixado
arrastar pelas influências ab alto.
Que na catedral, que nos teatros, que no palácio do Governo
avulte o retrato do Imperador, desculpará aquele que entende
que ele deve figurar em todos os atos públicos, e ser o
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 103, p. 311-315, 2008 313
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