revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

A julgar-se das vantagens, que nos trouxe o Dia Dois de
Julho, pelo modo por que ainda hoje festejam o seu aniversário,
dir-se-ia que elas foram muitas e positivas, pois que, a despeito
de tantos anos, ainda atualmente o aniversário desse Dia desperta
prazer e alegria; mas haverá engano maior, decepção mais
deplorável?
A festividade do Dia Dois de Julho inteiramente degenerou,
e hoje não é mais do que uma simples distração para o
Povo, e uma cerimônia toda oficial para o Governo.
É verdade que nesse dia o Povo ri, folga, canta, passeia e
se entusiasma; porém que alcance podem ter tais demonstrações,
mormente para aqueles que conhecem a índole dos povos
que vivem debaixo dos trópicos? O Povo não faz a mesma coisa
nos dias festivos e assinalados pela Religião?
Esse prazer nem representa a convicção de sua independência,
toda nominal, toda irrisória, toda ilusão, e nem indica
felicidade, porque até o mais desgraçado dos entes, o escravo,
tem um ou outro dia em que, esquecendo os seus contínuos
padecimentos e misérias, se entrega a este ou a aquele divertimento;
tal é o coração frágil da humanidade!
Julgamos que ninguém se atreverá a contestar o que temos
dito, principalmente se refletir que o Povo já chegou a fazer uma
verdadeira e manifesta distinção na solenidade desse Dia.
O Povo, talvez inspirado pela Providência, ou pela força
de um instinto inexplicável, já não festeja o Dia Dois de Julho;
festeja, sim, a véspera desse Sol cujos raios o despertam das
ilusões da noite do dia 1 o da festividade do Dia Dois; naquela é
o Povo ingênuo, dócil, pacífico e leal quem rende cultos e ado-
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