revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

ganizada 65 . E não consegue descer abaixo do Porto, cuja conquista
dá lugar ao desastre da Ponte das Barcas, que ligava as
duas margens do Douro e no qual milhares de portuenses se
afogam, em fuga das tropas invasoras.
Não foi difícil a Soult, de resto, a ocupação de uma cidade
“comandada” por um bispo sem experiência militar e aparentemente
desamparada por Beresford, hesitante quanto à estratégia
a prosseguir.
Com vista a procurar ganhar a legitimidade da sua ocupação,
como o tentara Junot, Soult ainda pensa, ao entrar no Porto,
fazer aplicar o Tratado de Fontainebleau à parte norte do
país, ou mesmo vir a ser ele rei de Portugal.
Soult acaba sendo desalojado do Porto, a 12 de Maio,
por Wellesley, que, em Abril de 1809, fora nomeado Comandante
em Chefe do exército anglo-luso, e acaba por deixar Portugal.
Como diz António Pires Nunes 66 : “A intenção de Napoleão
de ocupar o nosso país falhou, de novo, tendo para isso contribuído
o levantamento em massa da população, a ação das milícias,
a passividade dos generais (franceses) Lapisse e Victor
que deveriam entrar pela Beira e pelo Alentejo e a intervenção
inglesa em Portugal”.
65 Os desentendimentos entre a população e os chefes militares sobre o modo de
operar contra os franceses conduz, inclusive, como já referido, ao assassinato
de alguns oficiais, como o próprio Bernardim Freire de Andrade – mais uma
vez aqui se comprova a menor consistência da autoridade então imposta pelos
poderes presentes no Reino.
66 A segunda invasão francesa. In: Nova História Militar de Portugal. p. 89.
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 103, p. 165-211, 2008 195
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