revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

artísticas desenvolvidas na Itália; o que não impede venha a ser
considerado por especialistas diversos, através dos seus textos
e obra gráfica, autor da mais relevante peça doutrinária do
maneirismo em Portugal, certamente por ter resultado sua obra
da experiência absorvida na própria fonte.
Faz-se notar, porém, ao lado dessas conexões reestruturantes,
uma característica autenticamente lusitana constituída pelo
tradicionalismo, que pode ser notado desde a maior permanência
do gótico diante das instâncias renascentistas. Assim é que a união
da coroa portuguesa à espanhola, entre 1580 e 1640, repercute
profundamente no ambiente cultural português e, por extensão, no
Brasil. Por ocasião desse acontecimento, o maneirismo já se encontrava
em vigor em Portugal, mas, o gosto hispânico por este
estilo, tendo como resultado o vasto programa da construção do
Escorial, seguramente influi para o citado prolongamento.
A partir dessas premissas podemos dizer que o estilo
maneirista assume as conotações específicas, resistindo ao total
predomínio do barroco, no mundo lusitano, até a primeira metade
do século XVIII. Exemplo disso são as igrejas edificadas em
Salvador, que conservam em suas fachadas o rigor de um traçado
maneirista básico. O influxo advindo dos tratados de arquitetura
deve-se inclusive às traduções que passam a ser feitas na
Península Ibérica, unindo-se a isto o intenso intercâmbio que
compreendia a estadia de artistas estrangeiros em solo português,
assim como as viagens de bolsistas lusos à Itália. O itinerário
maneirista, que aqui resumimos, afirma-se na arquitetura e
na arte do retábulo, tendo conseqüências relativamente análogas
no mobiliário então produzido, haja vista a importância que
a arquitetura assume nestes dois setores.
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 103, p. 25-51, 2008 31
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