revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

indo dela suas inspirações, elaborando-as e por vezes até contradizendo-as”
(BAZIN, 1982; v. I – 258).
A afirmação, antes historiada, da arte da talha de madeira
significou, no mundo lusitano, a adesão decisiva à linguagem plástica
da Contra-Reforma, linguagem que Juan de Herrera introduzira
na Espanha, com o altar-mor do Escorial, iniciado em
1579, tendo ampla repercussão em toda a cristandade. Provém
daí o definitivo acréscimo feito na escala dos altares, enquanto
uma nova relação se manifestava, então, entre a escultura e o
elemento pictórico – note-se, porém, que, nesse primeiro momento,
o elemento escultórico permaneceu ainda preso ao
enquadramento e valorização das tábuas pintadas, apesar de se
indicar uma inicial e significativa evolução. Vivia-se em pleno
período filipino, quando o domínio hispânico não impediu a emancipação
ocorrida na arte da talha. Parece-nos útil lembrar aqui
as diversas viagens realizadas pelo arquiteto Juan de Herrera a
Portugal, acompanhando Filipe II, a partir do ano de 1565, mas,
realizando também incursões pessoais pelo interior do país (ENC.
UNIV. DELL’ARTE, 1963; v. VII; 82-86).
Inicialmente, por volta de 1672, os dois retábulos das Virgens
e dos Santos Mártires foram colocados nas capelas das
extremidades do cruzeiro na nova igreja dos jesuítas, conforme
o mestre Valentin Calderón, devendo, desde então, ser adaptado.
Assim é que o “estilo do corpo inferior já não é o mesmo da
parte superior, mais antiga, mas sim contemporâneo da talha
das extensas nesgas existentes nas paredes de fundo da capelamor,
onde se vêem os mesmos motivos e a mesma técnica”,
como refere Lúcio Costa (COSTA, 1978; 71). Nota ainda o
referido autor encontrarem-se aí, pela primeira vez representa-
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