revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

Os retábulos dos Santos Mártires e das Virgens Mártires
apresentam-se com três divisões na vertical e duas divisões no
sentido horizontal, repetindo-se aqui o partido que os irmãos
Coelho haviam introduzido. A divisão do espaço em sentido vertical
é efetuada por meio de lesenas, que estão decoradas com
um dos mais típicos elementos serlianos, maneiristas: as cadeias
que se impuseram na decoração do mobiliário, das fachadas e
dos retábulos, sobretudo (CALDERÓN, 1975).
Observando a parte superior, podemos verificar elementos
ornamentais que identificam esses altares do estilo, em decoração
geométrica: são os “diamantes” e as “almofadas”, constituídos
por losângulos salientes, nas laterais, enquanto nas molduras
dos nichos estão entrelaços, cadeias, discos, etc. Vemos
motivos comuns nas portadas das edificações baianas do século
XVII e perdurando até o final desse século. Lembremos que os
motivos geométricos marcam a decorativa serliana (SMITH,
1962; 42).
Temos, na parte superior dos exemplares em exame, um
frontão de andamento triangular, rematado por cartelas que aí
assumem a forma de volutas extravagantes. As suas origens são
identificadas nas cartelas de couro recortado, a imitação das
quais era uso no maneirismo dos Países Baixos, e que é sua
mais notável contribuição ao estilo (PEVSNER, 1974; 194),
provindo principalmente do território hoje correspondente à
Holanda, de onde se internacionalizaram. As cartelas formando
volutas são parte do vocabulário decorativo “rollwerke” que,
difundido, na segunda metade do século XVI, em livros de
ornatos, preparam a transição ao barroco (ENC. UNIV.
DELL’ARTE, 1963; v. VIII – p. 498). Ladeado por pináculos
36 Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 103, p. 25-51, 2008
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