revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

esquícios da arrasada cidade de Antonio Conselheiro. Ruínas
das velhas igrejas, de Santo Antônio e do Bom Jesus, a Velha e a
Nova, ambas erguidas pelo Peregrino de Quixeramobim. O antigo
e tosco Cruzeiro crivado de balas, como a relembrar o sacrifício
de milhares de homens, mulheres, velhos e crianças imoladas
pelas armas republicanas. Trechos conservados das antigas ruas,
o emblemático cemitério e, sob o solo, por vezes aflorando, artefatos
militares, restos esqueletais de soldados e conselheiristas,
peças de roupas, uniformes esgarçados, utensílios domésticos,
dentre os quais finas porcelanas e outras quinquilharias. Testemunhos
materiais da vida e da morte que ali travaram duras pelejas.
Este era o cenário que aguardava o ditador.
O pedido
Ao anotar em seu Diário, expectativas e impressões sobre
o “passeio”, Getúlio descreve resumidamente o que desejava
conhecer e o que efetivamente aconteceu naquele dia: “1940-
18.10 – Pela manhã, sigo para Canudos de avião – Visita ao
arraial, exame do cenário, lugares de combate, conversa com
os moradores, cânticos e discursos. Canário, Ciríaco, regresso
a Jatobá. Fica Luiz Vieira que me acompanhara desde Fortaleza”
(VARGAS, 1995, 345). Ainda que fugaz, a passagem Vargas
no arraial foi determinante para o futuro da comunidade
canudense.
Segundo versa a tradição oral ainda hoje corrente no município,
naquela ocasião, atendendo a uma solicitação de chefes
políticos do pequeno lugarejo, notadamente Isaías Canário, cujo
nome aparece nas anotações feitas no Diário, Getúlio teria pro-
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