revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

loqueio dos portos portugueses, e duraram sempre pouco. Dos
três invasores, só Junot dominou parcialmente os portos, principalmente
Lisboa.
Se analisarmos, como o faz Borges de Macedo 87 , o movimento
dos portos portugueses metropolitanos de 1806 a 1810,
verificaremos que foram os seguintes os números de navios ingleses
entrados: 354 (1806), 305 (1807), 165 (1808), 474
(1809) e 536 (1810). Verifica-se desse modo que, não obstante
a queda das visitas de navios britânicos a Portugal durante 1808
(ano da ocupação por Junot), o fluxo até aumentou, face ao
passado imediato, nos restantes anos de guerra. Relativamente
aos navios portugueses, entre 1806 e 1810 as entradas de navios
atingiram o seu mínimo em 1808 (66 navios), após terem
tido o seu pico em 1806 (826), mas logo recuperaram para 303
em 1809 e ainda para 547 em 1810.
Serão ainda digno de registo a recusa por parte de agricultores
portugueses em vender as suas produções ao exército,
por se considerarem mal pagos (e sinal de que teriam melhores
compradores), bem como dos soldados portugueses que desertavam
da guerra para trabalhar nas colheitas (não o fariam se
o soldo militar fosse mais rendoso).
Tal contradiz, assim, a possibilidade de um Portugal economicamente
(e comercialmente) destruído.
A “brandura” inglesa da Convenção de Sintra, que pôs termo
à primeira invasão, pode, aliás, ser lida como conseqüência
da pouca efetividade do bloqueio francês dos portos portugue-
87 Op. cit. p.
204 Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 103, p. 165-211, 2008
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