revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

gência; e o suave carinho do inglês Beresford”. Para este liberal,
a Coroa (absolutista, de D. João) “[...] nem se lembraria de que
este povo fora um herói na defesa do país [...]” 77 .
Também no romance de Forrester, Morte aos Franceses 78 ,
é dada essa explicação para as dificuldades de abastecimento
local das tropas francesas: Os franceses [...] tinham vivido com
o que encontravam pelo caminho, num país naturalmente pobre
e, naturalmente, já devastado”.
E será isto verdade, essa ruína e devastação de Portugal
durante as Invasões, tão apregoada ao longo da nossa História?
Eventualmente, nas partes do país sujeitas às tropas invasoras
e aos combates, isso terá sido uma realidade, a que terá
ajudado a política de “terra queimada” decidida e imposta por
Wellington, principalmente na Terceira Invasão, para impedir o
aprovisionamento e o avanço dos invasores (causando uma onda
de destruição e despovoamento que começou, naturalmente, por
não ser bem vista e aceita pelos portugueses, perante o deslocamento
de mais de um quarto de milhão de pessoas, a morte
de dezenas de milhar de portugueses e a devastação de vastos
tratos de terra).
Igualmente o diferencial de objetivos entre as forças inglesas
em campanha (mesmo quando incorporando portugueses) e
o interesse real de Portugal, pelo menos enquanto definidos por
alguns membros do Conselho de Regência e agentes econômicos
portugueses terá também contribuído, paradoxalmente, para
77 Mário. op. cit., 2° volume, p. 94.
78 Publicações Europa-América., p. 86.
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 103, p. 165-211, 2008 201
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