revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

afrodescendente, realidade irrefutável no Nordeste açucareiro.
Arigó na Amazônia era um vocábulo que designava os migrantes
nordestinos, também alcunhados de “soldados da borracha”,
que para lá eram deslocados através de projetos governamentais,
em busca de trabalho, sendo empregados na extração do
látex, ou seja, como seringueiros na floresta, de onde poucos
retornavam ou retornavam combalidos pelas doenças endêmicas
na região (caso da malária) e pela vida miserável que levavam
na selva 11 . Por fim, não seria falacioso afirmar que os cassacos
das estradas de ferro originaram os cassacos das rodovias. A
palavra migrou com esses grupos itinerantes.
Em um estudo sociológico intitulado Cassacos e corumbas,
Maria Teresa S. de Melo Suarez escreve:
O cassaco, ou morador que nova safra já não
fundou, nas palavras de João Cabral de Melo
Neto, é um termo comumente usado em algumas
regiões do Nordeste açucareiro, para designar
justamente este tipo de trabalhador rural que já
não planta lavoura ao redor de sua moradia na
propriedade como meio de complementar a sua
subsistência, vivendo exclusivamente do salário
recebido. [...] Ou seja, aquele que, além da condição
de cassaco (desprovido de lavoura de subsistência
na propriedade), passa a trabalhar sem
vínculo empregatório direto com a propriedade e,
portanto, sem carteira de trabalho assinada, sendo
comumente contratado através a intermediação
de empreiteiro. (SUAREZ, 1977, 18).
11 Sobre o assunto sugerimos a leitura do romance “A selva”, do escritor portu-
guês Ferreira de Castro.
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 103, p. 53-73, 2008 65
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