revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

para Napoleão e, mesmo, para alguns modernos historiadores 42 ,
que sinceramente – e mal-informadamente – crêem que as dinastias
reinantes na Península Ibérica eram “mal vistas” pelas
respectivas populações ) eclodem também, em 17 de Fevereiro
de 1808, revoltas no Alentejo, determinando o envio de forças
francesas. Mas pelo Ribatejo e noutras províncias portuguesas
desencadeia-se o mesmo tipo de rebeliões.
Impera sempre, contudo, nas diversas regiões portuguesas
uma incerteza quanto aos exércitos franceses e ao seu poder
efetivo (percepção que dependia, naturalmente, dos meios de
comunicação da época para se poder impor de forma clara ao
país 43 ), o que atrasa o desenvolvimento da rebelião. Ainda em
Maio de 1808, já depois dos acontecimentos em Espanha contra
os franceses, escreve o Bispo do Porto a Napoleão: “A Pátria,
órfã e incerta de quais os seus destinos é infinitamente digna
de atrair as vistas compassivas de Vossa Majestade Imperial e
Real 44 ”. Cedência, prudência, ou incerteza de objetivos por parte
de alguém que, pouco mais tarde, será um dos pólos da revolta?
Lá diz Raúl Brandão que “[...] a gente rica é cálculo: a vida não
lhe é indiferente” 45 .
No entanto, como diz Brandão 46 : “A revolta contra Junot
(quando explode) foi (por fim) completa e absoluta: “É [...] um
povo inteiro que irrompe das tocas, de chuço em punho, sinos a
42 Gunther Rothenberg. “Die Napoleonischen Kriege”. Leipzig: Neuman
&Nürnberger, 2000, p. 152.
43 Por exemplo, após a batalha do Vimeiro (21 de Agosto) só chegam a Lisboa
notícias detalhadas da vitória a 2 de Setembro.
44 Raúl Brandão, op. cit., p. 156.
45 Raul Brandão, op. cit., p. 217.
46 Op. cit., p. 218.
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 103, p. 165-211, 2008 185
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