revista do instituto geográfico e histórico da bahia - IGHB

Viva o dia Dous de Julho!
Foi hoje que as armas baianas ganharam a vitória sobre o
exército dos tiranos, dos déspotas, dos portugueses, que nos
esmagavam sob o peso de sua opressão maldita.
Foi hoje que nós, os baianos, inspirados pelo Anjo da Liberdade
despedaçamos os pesados grilhões, que nos arroxeavam
os pulsos.
Foi hoje que nossos cruéis inimigos, os lusitanos, tremendo
diante do poder de nossos brios, dos brios de um povo americano,
fugiram, deixando esta cidade, que eles tinham assolado.
Deixaram-na fugindo do Exército Pacificador, que vinha vingar
os ultrajes, que aqueles perdidos aventureiros tinham feito ao
país hospitaleiro, que os recebera em seu seio.
Depois deste dia glorioso, nossa Independência devia ser
selada. O estrangeiro ambicioso não devia mais dar leis em nosso
país. O Brasil devia ser dos brasileiros.
Mas a ambição de alguns homens degenerados, vendidos
ao ouro português tem falsificado a Independência do Brasil.
Hoje, na segunda metade do século 19, no dia Dois de Julho de
1851, a Independência do Brasil não está feita ainda. Acobertado
com a proteção de um governo hipócrita, de uma tirania estúpida,
o estrangeiro dá leis em nosso País, decide as questões mais
vitais da sociedade brasileira, influindo na eleição das Câmadas
Legislativas, no único padrão da soberania popular. O estrangeiro
é tudo na terra que nos viu nascer.
Rev. Inst. Geogr. Hist. Bahia, Salvador, v. 103, p. 303-306, 2008 303
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28/11/2008, 08:36