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José Gomes Ferreira – A Poética do Canto e do Grito - Repositório ...

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O Neo-Realismo, se o definirmos sobretu<strong>do</strong> através <strong>do</strong>s textos que se encontram na<br />

colecção de poesia Novo Cancioneiro, onde sairão dez livros, não deixa de apresentar<br />

muitas características comuns ao próprio movimento presencista, embora haja naquele<br />

uma atitude de intervenção histórica, assumida política e ideologicamente, que neste<br />

não havia (1981:126) 91 .<br />

E por Eduar<strong>do</strong> Lourenço:<br />

A impotência da palavra poética não é substancial mas histórica. Um dia (antecipa<strong>do</strong><br />

pelos momentos de comunhão da «voz <strong>do</strong> poeta» e da «voz <strong>do</strong> povo»), poesia e Vida<br />

serão consubstanciais. Por isso o neo-realismo oscilará, também neste plano, entre<br />

uma exaltação e mesmo uma mitificação da Poesia que não é muito diferente da que o<br />

«Presencismo» instaurou (1983:208).<br />

Se as lutas interiores <strong>do</strong> eu individual/eu social que nos reenviam, respectivamente,<br />

para o Neo-Realismo e para o Presencismo, foram já apresentadas neste trabalho,<br />

revela-se pertinente, agora, convocar a contaminação de uma forte matriz de inspiração<br />

expressionista, ainda no seguimento das linhas de leitura propostas por Fernan<strong>do</strong><br />

Guimarães:<br />

entusiasmos de idealista, mas também, igualmente, as suas apreensões de homem” (Gaspar Simões,<br />

1959:711).<br />

91<br />

Esta teoria é retomada pelo mesmo autor quan<strong>do</strong> afirma que entre Presencistas e Neo-realistas “há<br />

um evidente distanciamento temático um desacor<strong>do</strong> que, não raro se torna polémico; mas importa<br />

reconhecer que tal desacor<strong>do</strong> ou distanciamento nem sempre se constituem numa real, efectiva<br />

diferença de linguagem” (1987:56-62).<br />

Encruzilhadas de uma Escrita 99

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