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José Gomes Ferreira – A Poética do Canto e do Grito - Repositório ...

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Nessa reconstituição, é pertinente fazer uma apresentação de <strong>José</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong> e<br />

situá-lo no panorama literário português <strong>do</strong> século XX, pois concordamos com<br />

Fokkema, quan<strong>do</strong> este autor diz “é impossível dar uma definição geral da forma<br />

artística fora da referência ao momento histórico particular da sua reprodução e da sua<br />

recepção” (1989:12).<br />

<strong>José</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong> nasceu premonitoriamente na Rua das Musas, no Porto, em 9<br />

de Junho de 1900, mudan<strong>do</strong>-se para Lisboa aos quatro anos. Filho de Alexandre<br />

<strong>Ferreira</strong>, que o marcou substancialmente:<br />

Essa ideia de missão herdei-a por certo de alguém que me educou em criança no<br />

exemplo <strong>do</strong> heroísmo quotidiano e alegre. Alguém que só ouso invocar aqui porque<br />

não pertence apenas ao meu mun<strong>do</strong> pessoal, mas um pouco a to<strong>do</strong>s nós, pois foi um<br />

homem público que, embora modesto e com meios exíguos, passou a vida a fundar<br />

bibliotecas e instituições de educação e instrução populares, a proteger crianças pobres<br />

e a abrigar velhos inváli<strong>do</strong>s, aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>s e sozinhos. Refiro-me a meu pai, Alexandre<br />

<strong>Ferreira</strong> (<strong>Ferreira</strong>, 1977:172).<br />

Assim, por influência <strong>do</strong> pai, um democrata republicano, desde ce<strong>do</strong> manifestou<br />

preocupações políticas, que determinaram a sua pertença à Liga da Mocidade<br />

Republicana e ao Batalhão Académico Republicano. Estreia-se nas letras portuguesas,<br />

em 1918, com a colectânea Lírios <strong>do</strong> Monte e publica, em 1920, a colectânea Longe,<br />

livros que renegará posteriormente. Licenciou-se em Direito em 1924. Em 1925 vai<br />

para Kristiansund, na Noruega, onde reside como Cônsul de Portugal até 1929. Foi<br />

nessa viagem que, segun<strong>do</strong> o próprio autor, descobriu a sua verdadeira voz poética,<br />

que será registada, pela primeira vez, no poema Viver Sempre Também Cansa, escrito em<br />

6 <strong>José</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong>: a <strong>Poética</strong> <strong>do</strong> <strong>Canto</strong> e <strong>do</strong> <strong>Grito</strong>

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