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José Gomes Ferreira – A Poética do Canto e do Grito - Repositório ...

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“luz”, ao tornar presente a importância <strong>do</strong> saber e, ao mesmo tempo, da inspiração,<br />

enfatiza um conceito de Poesia mais abrangente, menos circunscrito a uma época, e<br />

atribui ao Poeta o papel de tornar vivas a cultura e a palavra. Actualiza-se o conceito de<br />

Poesia <strong>–</strong> inspiração, conti<strong>do</strong> no vocábulo “luz”, e já presentifica<strong>do</strong> pelas “Musas”,<br />

especta<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> nascimento <strong>do</strong> poeta 32 . A apologia de uma acção inflamada, infirmada<br />

pelo discurso metafórico, acentua o desalento presente e a confiança na poesia,<br />

enquanto forma de atenuação da <strong>do</strong>r reinante. A associação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> da luz ao<br />

mun<strong>do</strong> poético confere à Poesia de <strong>José</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong> o estatuto de cria<strong>do</strong>ra de<br />

verdades poéticas. Assim, a sua intervenção no real vai ser feita através da criação <strong>do</strong><br />

real poético que não coincide com o real quotidiano, embora este seja “a matéria<br />

cantável”, transformada pelo poder mágico da palavra. A coincidência entre a<br />

confissão e o real é, por isso, algo de construí<strong>do</strong> pela estratégia vocabular.<br />

1.3.2. DAQUI HOUVE POETA…<br />

Uma Cédula de nascimento poético 33 enriquece esse momento de nascer.<br />

Enquanto me ensinavam<br />

a exactidão de desenhar a bilha verde<br />

para a minha boca<br />

de não ter sede…<br />

32 Na sua obra Íon, Platão afirma: “Com efeito, o poeta é uma coisa leve, alada, sagrada, e não pode<br />

criar antes de sentir a inspiração, de estar fora de si e de perder o uso da razão” (2000:51).<br />

Universo da Criação <strong>Poética</strong> 37

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