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José Gomes Ferreira – A Poética do Canto e do Grito - Repositório ...

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cárceres de sacrifício, caricaturas fraternas, afagos azuis, lua estrangulada… (<strong>Ferreira</strong>,<br />

1977:120).<br />

É um século de bipolaridades e de encruzilhadas 56 que é percorri<strong>do</strong> pela poesia de<br />

<strong>José</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong> 57 e que vislumbramos nos livros em prosa e nos textos poéticos,<br />

particularmente nas epígrafes que os acompanham. Delas diz <strong>José</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong><br />

numa entrevista a <strong>José</strong> Pedro Vasconcelos:<br />

Considero-as importantíssimas para a compreensão da minha obra. Com elas<br />

preten<strong>do</strong> lealmente dar ao leitor as chaves e os da<strong>do</strong>s possíveis para o entendimento<br />

perfeito <strong>do</strong>s poemas, embora muitas vezes sirvam apenas para complicar mais os<br />

labirintos onde me perco e escon<strong>do</strong>. Também em não raros casos a poesia se sente<br />

melhor nas epígrafes <strong>do</strong> que nos versos. Mas essas anotações são sobretu<strong>do</strong><br />

fundamentais para o exercício da minha autocrítica (1971:14).<br />

As epígrafes, juntamente com uma pesquisa histórica, constituem o nosso ponto de<br />

referência para a inventariação <strong>do</strong>s principais acontecimentos <strong>do</strong> século explora<strong>do</strong> por<br />

<strong>José</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong>. Esses eventos foram manipula<strong>do</strong>s ao longo <strong>do</strong> seu processo<br />

56 “(Momento de coração para<strong>do</strong>. O século XX não acaba nunca, me<strong>do</strong>nho e maravilhoso.)” (<strong>Ferreira</strong>,<br />

1990a: 274).<br />

57<br />

“E por fim, em 1947 (…) formulei a teoria <strong>do</strong> Poeta Militante. Comecei por alicerçá-la nesta<br />

verificação óbvia: o amoldar da minha poesia aos factos fundamentais da minha sinistra época de<br />

fábula em que vivi: o fascismo, Hitler, guerra de Espanha, invasões, movimentos de resistência, etc”<br />

(<strong>Ferreira</strong>, 1991b: 156).<br />

74 <strong>José</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong>: a <strong>Poética</strong> <strong>do</strong> <strong>Canto</strong> e <strong>do</strong> <strong>Grito</strong>

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