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José Gomes Ferreira – A Poética do Canto e do Grito - Repositório ...

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São muitas as variáveis (por exemplo, “saber quem é o eu e quem é o século”, o que<br />

dificulta o encontrar da constante) e são muitas as encruzilhadas (“a movimentação <strong>do</strong><br />

outro (o século) só pode existir poeticamente”, o que condiciona o encontrar <strong>do</strong><br />

caminho) que nós, os seus leitores, temos de prever/ enfrentar no nosso papel de<br />

receptores <strong>do</strong>s textos de <strong>José</strong> <strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong>. Mas aceitamos o desafio e fazemos um<br />

pacto de leitura 23 com o autor textual,porque pretendemos ser instituí<strong>do</strong>s como seus<br />

“leitores modelo de pleno direito” (Eco, 1995: 33), uma espécie de tipo ideal que o<br />

texto 24 não apenas prevê como colabora<strong>do</strong>r, mas também tenta criar (Eco, 1995:15).<br />

Ao combinarmos três vontades (eu <strong>do</strong> autor textual / leitor/ texto), é nosso propósito<br />

sermos “[fiéis] às sugestões de uma voz que não diz explicitamente o que está a sugerir”<br />

(Eco, 1995: 118) e respeitarmos a vontade <strong>do</strong> texto, já que “o texto sabe e mostra que<br />

vem de alguém e vai para alguém e que nesse movimento se jogam relações complexas”<br />

(Buescu, 1998:25).<br />

Ao longo <strong>do</strong> nosso trabalho, através de “passeios inferenciais” 25 pela poesia de <strong>José</strong><br />

<strong>Gomes</strong> <strong>Ferreira</strong>, somos co-participantes na construção <strong>do</strong> eu <strong>do</strong> autor (textual) e <strong>do</strong><br />

23 Cf. Lúcia Possari (1995, 477:482 ).<br />

24 Leia-se a este propósito Octavio Paz:“El poema es una obra siempre inacabada, siempre dispuesta a<br />

ser completada y vivida por un lector nuevo”( 1992:192).<br />

25 “A estas saídas <strong>do</strong> texto (para a ele regressar carrega<strong>do</strong>s com um reservatório intertextual) chamamos<br />

passeios inferenciais. Se a metáfora é desenvolta, é precisamente porque se pretende salientar o gesto<br />

livre e desenvolto com o qual o leitor se subtrai à tirania <strong>do</strong> texto <strong>–</strong> e ao seu fascínio <strong>–</strong> para ir<br />

procurar-lhe saídas possíveis no reportório já referi<strong>do</strong>. Mas o seu passeio é em princípio determina<strong>do</strong><br />

e guia<strong>do</strong> pelo texto. (…) Esta última limitação não reduz a liberdade <strong>do</strong> leitor-modelo, mas sublinha<br />

a acção previsional que o texto procura exercer sobre as previsões <strong>do</strong> leitor” (Eco, 1993:126).<br />

Universo da Criação <strong>Poética</strong> 33

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